Uma data especial para conscientizar: assim é visto o dia 17 de novembro, Dia Internacional da Prematuridade, comemorado no mundo inteiro. Na Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), não foi diferente, foi realizada uma série de atividades alusivas a esse dia tão especial. Referência em Alta Complexidade, a Maternidade é o cenário de 25% de todos bebês que nascem pré-termo no Estado do Piauí.

“Não se pode falar de prematuridade sem lembrar do Método Canguru, uma estratégia de humanização do cuidado, chancelada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com evidências fortíssimas para a redução da mortalidade dos bebês pré-termos e que a Maternidade Dona Evangelina Rosa é a referência estadual”, lembra o médico neonatologista, Macous Bittencourt, Coordenador Estadual do Método Canguru no Piauí. Entre outras estratégias, a escolha de um dia, bem como a escolha da cor roxa que significa, sensibilidade, individualidade e transmutação para o mês de novembro, traz um alerta aos profissionais de saúde e a sociedade sobre a importância de se evitar que o parto de uma mulher se antecipe as 37 semanas.

Um momento foi reservado para os serviços de saúde chamarem a atenção da sociedade para casos de prematuridade que hoje é considerada a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos de idade

A ideia é conscientizar mães, profissionais de saúde para essa Rede de Cuidados que deve ser disponibilizada para os prematuros. Vários profissionais que trabalham diretamente com os bebês da Evangelina Rosa realizaram também uma homenagem às mães e bebês da Unidade de Cuidados Intermediários Canguru. Médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas e demais colaboradores que compõem as equipes se reuniram para homenagear os pequenos guerreiros e suas mães, lembrando da importância desse momento na vida do recém-nascido. Tudo com o objetivo de contemplar todos os bebês que se encontram sob cuidados na Unidade Hospitalar.

À frente das atividades, a supervisora de Enfermagem da Casa, enfermeira Ozirina da Costa, afirma que para quem trabalha e vivencia momentos singulares, como a retirada da sonda para criança mamar é muito especial. “Nos sentimos vitoriosas”, exclamou a enfermeira. “É uma vitória nossa e de vocês”, disse a supervisora às mães. Já a médica pediatra, durante conversa de conscientização com as mães, explicou que a equipe se empenha muito, fica sensibilizada com cada momento do bebê e o mais importante mesmo é o acompanhamento das mães para o desenvolvimento dos bebês . “É a voz, o cheiro de vocês que eles (as) conhecem desde o ventre”, disse, ressaltando a importância da dedicação das mães para o desenvolvimento dos prematuros.

PREMATURIDADE

A prematuridade impõe uma situação de cuidados especiais em recém-nascidos e requer uma rede de apoio e atenção. Nesse sentido, os serviços de saúde se organizaram e conseguiram melhorar, se equipar, se apropriar de novas tecnologias e hoje o prematuro tem uma sobrevida e menor possibilidade de sequelas após alta hospitalar.

Os bebês prematuros necessitam recuperar o desenvolvimento que aconteceria de forma natural dentro do útero, fora dele. Por isso, o desenvolvimento da criança deve ser ajustado, principalmente nos primeiros anos de vida. Um bebê que nasceu de 35 semanas, por exemplo, tem duas semanas a menos de maturação que um bebê nascido no tempo certo. A forma correta de acompanhar o desenvolvimento é que ele só seja comparado com um bebê recém-nascido a termo com 15 dias de vida. E este ajuste deve acompanhá-lo nos marcos do desenvolvimento, como sustentar a cabeça, rolar, sentar, engatinhar e andar. As recomendações gerais para o cuidado com qualquer bebê prematuro é o aleitamento materno. Se para um bebê nascido em tempo normal a amamentação é importante, para um prematuro é fundamental. A presença da família durante a internação do bebê também é fundamental para a recuperação da criança.

“A mãe de um bebê prematuro não deve ser visita na UTI Neonatal. Ela deve acompanhá-lo durante toda internação. O contato da família ajuda a estabelecer um vínculo com o bebê. E para a mãe, estar perto da criança estimula a produção do leite. Se o bebê está internado e a mãe está longe, a produção do leite diminui. Por isso, é tão fundamental que os hospitais estimulem a permanência do bebê junto com mãe.

Evangelina Rosa é referência Estadual para o Método Canguru

Graças a esse trabalho intensivo, a Evangelina Rosa alcançou uma queda de cerca de 30% na mortalidade neonatalal, sendo que um dos principais serviços que contribui para essa queda é o Método Canguru, implantado na Maternidade há 16 anos, sendo uma das estratégias que facilita a recuperação do bebê. Consiste em colocar a criança em contato pele a pele o máximo de tempo possível.
Quando o método foi inventado na Colômbia, na década de 1980, ele foi pensado para substituir a incubadora na necessidade de manter o bebê aquecido. A hipotermia é uma das causas de estresse e morte dos bebês prematuros. E este método mantém o bebê aquecido, além de favorecer o contato com a flora bacteriana da mãe, que o protege de infecções hospitalares. Segundo números da Organização das Nações Unidas (ONU), todos os anos cerca de 15 milhões de crianças nascem antes de completar 37 semanas de gestação no mundo. Estes bebês são considerados prematuros. O estudo “Prematuridade e suas possíveis causas”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mostra que a prevalência de partos de crianças prematuras no Brasil chega a 11,7%. Isso coloca o país na décima posição entre os países onde mais nascem bebês prematuros. (Com informações do Ministério da Saúde)