Na fase da adolescência, ocorrem diversas mudanças e alterações físicas, psicológicas e hormonais, que levam os jovens a buscarem emoções e experiências que geram prazer. Diante disso, tornam-se também vulneráveis as Infecções Sexualmente Transmissíveis. De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (2020), no Brasil, entre os anos de 2019 e 2020 foram detectados 2.901 novos casos de HIV em adolescentes com idades de 15 a 19 anos.

Para entender a realidade no Piauí, a aluna Hiasmim Sousa e o professor Mauro Roberto, do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), desenvolveram um projeto para avaliar o perfil epidemiológico de adolescentes acometidos por HIV/Aids que foram atendidos em um Hospital de referência em Teresina – Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela.

A discente realizou a pesquisa no Serviço de Arquivo Médico e Estatística, disponível no Hospital Natan Portela. Dos 500 prontuários coletados, relativos aos anos de 2015 a 2019, apenas 11 atendiam aos critérios do projeto: adolescentes com idade entre 12 e 19 anos.  Com os dados obtidos, registraram o diagnóstico de HIV confirmado.

O professor orientador do projeto, Mauro Roberto, enfatiza que a pesquisa serviu para confirmar os dados da doença no Piauí. “Hoje, temos conhecimento que aqui em Teresina (e também no estado) existem crianças e adolescentes com HIV. Então, desmistificamos a ideia de que não tínhamos tantos casos aqui”, reforçou o docente sobre a importância da pesquisa.

Resultados

Em relação aos casos, observou-se a prevalência da doença em adolescentes do sexo feminino. Quanto aos atendimentos, verificou-se que a maioria residia no Piauí. Todavia, nos registros coletados havia adolescentes de outros estados, como Pará e Maranhão.

“Isso já era esperado, uma vez que o Hospital Natan Portela é um centro de Referência Regional no diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas e que atende os mais diversos estados e municípios da região, inclusive para o tratamento e diagnóstico da Aids”, ressaltou a estudante que executou a pesquisa.

Sobre a forma de contágio do HIV, apenas quatro dos 11 prontuários avaliados possuíam o registro dessa informação. Sendo estes casos transmitidos “via vertical”, ou seja, doença transmitida da mãe para o bebê. Tal dado permite concluir que estes adolescentes convivem com a patologia desde a infância.

Hiasmim Sousa explica que a falta de informação nos prontuários dificulta o desenvolvimento de uma pesquisa mais completa. “O que sabemos é que o déficit do registro dessa informação acaba dificultando a obtenção de dados mais fidedignos e adequados à realidade, trazendo prejuízos ao direcionamento de medidas mais assertivas ao público-alvo”, pontuou.

Além dos dados citados acima, a pesquisa revelou que todos os adolescentes possuíam infecções oportunistas, sendo a candidíase oral, a pneumonia e calazar, as mais prevalentes.

No que diz respeito ao nível de escolaridade, a maioria possuía ensino médio incompleto. “No Brasil, as escolas ainda negligenciam o fornecimento de informações reprodutivas e sexuais aos adolescentes. Isso, de certa forma, influencia tanto no modo de pensar como no autocuidado do adolescente com a saúde”, alertou a aluna.

Com base nos resultados obtidos, os pesquisadores estão elaborando um artigo que contribuirá para a adoção de medidas preventivas e assistenciais voltadas à essa população.

 

Fonte: Ascom Uespi