A Universidade Estadual do Piauí (Uespi) é parceira da Prefeitura Municipal de Teresina (PMT) no Projeto Letramento em Programação, executado desde março em nove escolas da rede municipal e no Programa Cidade Olímpica Educacional. São 354 alunos do 6º ano do ensino fundamental que estão tendo a oportunidade de entrar em contato com a linguagem computacional.
O projeto reúne, além da PMT e a Uespi, outros órgãos como o Instituto Ayrton Senna (IAS) e o Centro Unificado de Inovação Aplicada (Cuia). Os professores e os alunos têm a oportunidade de aprenderem na teoria e prática, pois juntos eles constroem os próprios desenhos. E, nessa sexta-feira (22), eles tiveram a oportunidade de expor os projetos na quadra da Escola Municipal Murilo Braga, no bairro Marquês, zona norte de Teresina.
A mostra do projeto se chama Tech Oscar e contou com a presença do reitor em exercício da Uespi, professor Evandro Alberto; os professores de computação da Uespi Thiago Carvalho de Sousa e José Bringel Filho; representantes do Instituto Ayrton Senna (IAS) e do Cuia, além do secretário municipal de Educação, Kléber Montezuma; professores, coordenadores de escolas e alunos.
“O desafio não é somente implantar, estruturar e dar os primeiros passos. O desafio é a sustentabilidade dessas ideias, desses programas, desses projetos e isso aí somente vai ficar de pé funcionando se cada um de vocês [professores e coordenadores de escolas] derem continuidade. Os projetos apresentados pelos alunos não tem nada a ver com a prefeitura, mas com cada um que faz parte da escola. Vocês podem levar isso adiante”, afirmou o secretário de Educação.
Para a professora da Escola Municipal Nóe Fortes, Francelina Macedo, foi um desafio e também uma inovação esse projeto de Letramento Digital, mas tudo já deu certo porque o engajamento foi total entre alunos e professores. “O projeto está iniciando agora, mas os alunos tiveram uma receptividade, estão empolgados, porque eles já nasceram nesse mundo digital. Nós professores ficamos espantados com esse mundo em um primeiro momento, porém, todos se ajudam e vamos aprendendo uns com os outros. Eu aprendo com meus alunos e eles aprendem comigo”, explicou a docente.
A estudante Yasmin Lopes, de 11 anos, que estuda na Escola Braz Carvalho, fez com mais três amigos um projeto que ensina o básico da língua inglesa para outros estudantes. “Nós começamos a fazer esse projeto quando tivemos as primeiras aulas de inglês, no começo do ano. Foi difícil fazer, mas conseguimos”, explica a aluna.
Para os colegas de Yasmin, o desafio maior foi fazer o cenário do jogo. Por outro lado, eles afirmam que estão muito felizes com o resultado porque vão ajudar outros estudantes a falarem palavras básicas de uma língua estrangeira.
Para o reitor em exercício da Uespi, é uma honra participar de um projeto como esse que traz o contato de crianças e professores com o mundo da tecnologia, que é um campo desafiador. “Os professores que trabalham com crianças e adolescentes encontram algumas dificuldades na questão da programação, até porque, no período de formação, eles não trabalharam essa disciplina em seu currículo, então, esse projeto traz uma atualização importantíssima nessa construção dos processos mediados pela tecnologia. As crianças já vivem o dia todo com as tecnologias e quando chegam nas escolas, elas querem encontrar os professores preparados para enfrentarem esses desafios. Por isso, essa formação em letramento em programação vem suprir uma lacuna e aperfeiçoar aqueles que já dispõe dessa capacidade”, destacou Evandro Alberto.
Como funciona o projeto de letramento digital
O representante do Instituto Ayrton Senna, Amilton Rodrigo de Quadros Martins, explicou que esse projeto abraça 200 escolas espalhadas por todo o Brasil. “A proposta é levar a educação integral por meio do pensamento computacional, que é essa lógica de resolver problemas, pensar soluções, ter fluência tecnológica e, a partir disso, pensar em uma sociedade mais justa, igualitária e com educação acima de tudo”, completa Rodrigo.
O programa do instituto começou em 2015 e desde o ano passado o acordo foi fechado com Teresina.
“O projeto tem uma etapa extremamente importante para a sustentação do programa – que é a capacitação dos professores. O Instituto Ayrton Senna traz o “know how” do programa, mas é preciso fazer a sensibilização e o treinamento desses professores para conhecerem as metodologias que são aplicadas em salas de aula. A Uespi, por meio da minha participação e do professor Thiago, nós auxiliamos na capacitação dos professores para que eles pudessem se empoderar da tecnologia usada em sala e entenderem sobre as metodologias ativas, além de se tornarem um pouco mais confiantes diante de uma geração nova, que nasce no mundo digital”, explicou o professor José Bringel Filho.
Para o professor Thiago Carvalho, as crianças precisam ter um conhecimento maior na área da tecnologia e computação para além do uso em redes sociais. “Nós aplicamos as metodologias ativas com os professores. Tivemos encontros mensais com os professores dessas dez escolas, que serviram de piloto para esse projeto. Explicamos aos docentes os conteúdos e o que eles iam repassar para seus alunos no mês seguinte. Conversamos sobre as dificuldades que eles tinham e fomos amenizando os desafios. Hoje, esse evento é uma amostra da capacidade dos professores e de seus alunos no letramento digital”, explicou o docente da Uespi.
Ao final da amostra do Tech Oscar, professores da Uespi e de outras escolas participaram da avaliação de cada projeto e colocaram suas observações para os alunos e professores.