Uma mudança na realidade do atendimento em saúde da população que vive nas cidades do interior do estado. Desde 2015, o Governo do Piauí, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), investe na construção, ampliação, reabertura e reforma de hospitais do interior. Essa medida permite que os pacientes, que não moram na capital, tenham mais acesso à saúde no local onde vivem, perto de casa, sem precisar se deslocar para Teresina.
Levantamento realizado pela Sesapi mostra que houve uma redução de 36%, nos últimos dois anos, na transferência de pacientes de um hospital para outro porque o primeiro não tinha como dar resolutividade ao problema de urgência do paciente. A Central de Regulação da Sesapi aponta que foram 6.936 pacientes transferidos entre unidades de saúde entre janeiro e junho de 2017, contra 4.509 pessoas no mesmo período de 2019. Agora, além de Teresina, os municípios de Parnaíba, Picos e Floriano possuem hospitais de alta complexidade, com leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e serviços de neurocirurgia, que são os mais procurados nos prontos-socorros.
Além de investir em alta complexidade, o Governo do Estado também reformou ou levou melhorias a hospitais de baixa e alta complexidade em outros nove municípios ou unidades de saúde do Estado. Entre os investimentos feitos nos hospitais, estão abertura de novos leitos de UTI e centro cirúrgicos, ampliação de leitos de enfermarias, implantação de especialidades novas, como neurocirurgia, telemedicina, cirurgia por videolaparoscopia, tomografia computadorizada, hemodiálise, neonatologia, endoscopia, nefrologia, anestesiologia, salas de estabilização e enfermagem obstetrícia.
A abertura de 67 novos leitos de Terapia Intensiva (UTI), entre adulto e neonatal, ampliação de centros cirúrgicos e Centros de Parto Normal (CPN) possibilitaram também a permanência dos pacientes nos hospitais regionais, evitando o deslocamento para Teresina. Os dados da Central Estadual de Regulação comprovam que cerca de 90% dos pacientes encaminhados foram recebidos nos hospitais da rede estadual. Ou seja, apenas 10% tiveram que se deslocar a Teresina. Há três anos, 100% dos pacientes encaminhados precisavam buscar resolução na capital.
Outra ação é a realização de mutirão de cirurgias eletivas, como as gerais, pediátricas e de catarata, o que tem reduzido de forma significativa a fila de espera por um procedimento cirúrgico.
Investimentos em hospitais
O Hospital Getúlio Vargas (HGV) foi beneficiado com a ampliação e atualmente conta com 20 leitos de UTI adulto tipo II, abertura de cinco leitos de enfermaria de cuidados especiais e modernização do serviço de tomografia computadorizada, com aquisição de um tomógrafo novo de 64 canais, capaz de realizar angiotomografias.
O investimento feito no Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, fez a unidade tornar-se referência em atendimento na região sul do Piauí. Hoje, o hospital é o maior centro de urgência e emergência do Estado, superando inclusive o HUT de Teresina. Somente nos primeiros meses de 2019, o Hospital de Floriano registrou um aumento de 77,4% no número de atendimentos, quando comparados os realizados do mesmo período do ano passado. Entre janeiro a abril deste ano, foram 47.223 atendimentos; em 2018, foram 26.620. Os pacientes vêm de mais de 200 municípios, do Piauí e Maranhão. Ao todo, são 198 leitos.
A dona de casa Ednalda Ferreira é uma das pacientes beneficiadas com os investimentos da UTI do hospital Tibério Nunes. Oriunda de São Raimundo Nonato, ela foi encaminhada para a unidade de saúde de Floriano, onde teve o bebê e o mesmo foi atendido na UTI neonatal. “Tive apoio muito bom. A gente tem comida, onde dormir, onde tomar banho e estou sempre perto do meu filho”, afirma Ednalda.
A estudante Franciele Nogueira, de Monte Alegre, teve o parto na ambulância entre Monte Alegre e Bom Jesus. Foi depois encaminhada ao Tibério Nunes e se diz muito satisfeita com o atendimento. “Somos bem tratados, tem psicólogo, tem suporte para nós, alimentação”, comenta Nogueira.
Um levantamento da Sesapi feito no Hospital Regional Justino Luz, em Picos, passou a revelou que um ano depois de inaugurada, a UTI atendeu mais de 320 pacientes, salvando vidas, especialmente de cardíacos, renais e diabéticos. Hoje, o hospital possui dez leitos de UTI.
De acordo com o cardiologista Raimundo Reis, antes da instalação da UTI, esses pacientes eram transferidos para Teresina e, em alguns casos, não sobreviviam ao longo percurso de mais de 300 Km ou quatro horas de viagem. O tratamento em Picos também evita os transtornos do deslocamento dos familiares, que precisam se organizar para levar acompanhante e custear a estadia na capital.
Mais melhorias também podem ser constatadas em Parnaíba onde a maternidade do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde é referência, 75% dos partos foram naturais, refletindo diretamente na redução das taxas de mortalidade materno e infantil.
Com ações da Rede Cegonha, as gestantes têm assistência especializada e incentivo ao parto natural. O acompanhamento é ofertado desde o início, já na atenção básica, para que possíveis complicações na gestação sejam detectadas precocemente. Com média de 250 partos por mês, a maternidade destaca-se pela realização de partos humanizados e suporte em alta complexidade.
Em Amarante, desde 2018, com a reforma do Hospital Dr. Francisco Ayres Cavalcante, o município passou a oferecer mais serviços para a população. Naquele período, a unidade de saúde recebeu também equipamentos como foco cirúrgico, cardiotocógrafo, monitor multiparâmetro, colposcópio, entre outros.
O lavrador Francisco Miranda conta que, após cortar o pé em um acidente de trabalho com um machado, resolveu tudo rápido ao chegar ao hospital. “O atendimento foi rápido e não precisei sair da minha cidade para ir até Teresina”, comemora Miranda.
Outra vítima que precisou de atendimento de urgência no hospital foi o pedreiro Clemilton Alves. Após um acidente, se dirigiu ao hospital, onde após a cirurgia, ficou cinco dias internado. “Antes era mais precária as instalações, mas agora está tudo climatizado, com bom atendimento e limpeza. Não é à toa que os pacientes de cidades próximas, inclusive do Maranhão, estão vindo buscar atendimento aqui”, conclui Alves.
O Hospital Estadual Dr. Júlio Hartman, em Esperantina, também vem se destacando nos mutirões, com recorde de atendimento, é referência para 13 municípios da região dos cocais, e também para usuários vindo de outras cidades do estado. No último mutirão de catarata, realizou 420 consultas, e 299 cirurgias.
Em Luzilândia, o Hospital Gerson Castelo Branco, também vem realizando diversos mutirões pediátricos por meio de investimentos da Sesapi. Além das crianças da cidade de Luzilândia, o mutirão também beneficia pacientes das cidades de Campo Largo do Piauí, Joaquim Pires, Joca Marques, Madeiro, Matias Olímpio, Milton Brandão, Morro Chapéu do Piauí, Nossa Senhora dos Remédios, Piracuruca, Piripiri e São João da Fronteira.