Como medida preventiva à disseminação da Covid-19, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) dispôs de estratégias e diretrizes que foram adotadas como regime especial de aulas da rede pública estadual de ensino do Piauí, durante a vigência do decreto emergencial que as suspende, no ambiente escolar, substituindo-as pelas aulas remotas, onde foi preparado um plano de ação pedagógica que já apresenta resultados positivos.

As escolas tiveram total autonomia para planejar como implementar essas novas estratégias de acordo com suas especificidades. O documento, que foi lançado no início do mês, indica os recursos para que as aulas funcionem no formato remoto. Uma das ferramentas é o programa de mediação tecnológica Canal Educação. Por meio dessa plataforma, a Seduc disponibiliza os links das aulas e material de todas as disciplinas.

Escolas que não ofertam mediação, devem criar os planos de ação baseados nas diretrizes do documento, pensando quais ferramentas têm melhor condição de uso. Dessa forma, a escola tem autonomia para pensar em outras estratégias, utilizando outras ferramentas de sala de aula, como, por exemplo, aplicativos de videoconferência e outros recursos de pesquisa. As unidades tiveram prazos e data limite para concluir a análise e devolutiva, conforme cronograma proposto.

Das 658 escolas da rede estadual de ensino em todas as modalidades, 92% está atendendo aos alunos com as aulas remotas. Todas elaboraram um plano de ação específico, que está sendo executado com videoaulas, tira dúvidas, exercícios, chats de discussão, lives entre professores e alunos, via WhatsApp, e-mail, para que o estudante possa acompanhar os estudos.

“Esse processo superou as expectativas em todos os sentidos, todas as escolas responderam a contento. Muito impressionante as formas adotas para o atendimento aos nossos alunos. O diferencial é que pensávamos que, por ser Educação de Jovens e Adultos (EJA) e estarmos em locais diversos que na sua maioria poderiam não ter internet, recebemos uma chuva de ideias sobre como levar a bom termos as aulas remotas e está dando certo. Seja por rádio, material gráfico, telefones celulares, enfim, todos unidos em prol da educação”, afirma a diretora da EJA, Conceição Andrade.

A Educação de Jovens e Adultos é uma das modalidades de ensino ofertadas pela Seduc que também aderiu ao plano de ação. Das 383 escolas que têm turmas de EJA, 222 enviaram seus planos, as demais que ainda não conseguiram o envio, a secretaria já está em contato, dando total apoio no que for necessário.

Além da Educação de Jovens e Adultos, a Unidade de Ensino e Aprendizagem, com as escolas de Ensino Médio e Fundamental Regular e de Tempo Integral e a Unidade de Educação Profissional, são as pastas de modalidades de ensino ofertadas pela secretaria. Cada unidade tem seus técnicos que analisam os planos de educação.

De acordo com o secretário de Estado da Educação, Ellen Gera, tiveram casos de escolas que se negaram a adotar o novo plano. “Essas escolas, com o passar dos dias e vendo todos os resultados, começaram o processo de retomada das aulas, seguindo o novo plano. Tivemos momentos distintos, onde algumas escolas adotaram o novo sistema de aulas remotas bem no início, outras depois, e outras num terceiro momento. Com isso, iremos gerenciar escola por escola, pois não teremos mais um calendário de rede, mas um calendário por escola. O Conselho Nacional de Educação abriu consulta pública com documento sobre essa modalidade de aulas não presenciais, onde votou parecer sobre a reorganização dos calendários escolares e realização dos trabalhos remotos durante pandemia, esse documento já foi liberado e estamos bastante felizes por estar similar ao documento que fizemos aqui no Piaui. Não podemos deixar aqui de destacar o trabalho dos professores que estão se desdobrando para encontrarem as melhores soluções de adaptação a essa nova realidade. Estamos trabalhando para que nossa educação não pare e possa chegar a todas as modalidades e em todas as escolas de maneira eficaz e com qualidade. Todos, professor, escola, coordenador, gerente, técnico e aluno, juntos e contribuindo para que isso ocorra da melhor forma, é muito gratificante ver o empenho de todos e o bom resultado disso”, comenta o gestor.

“Repensar a questão das rotinas, tanto da escola, como do professor, do estudante e até mesmo da família em curto tempo foi o nosso maior desafio. Tudo aconteceu muito rápido, promover a aprendizagem e vencer nesse momento, fornecendo conteúdo que não sobrecarregasse professores, alunos e família. Se pensar em fornecer atividades tanto para quem tem acesso, como para quem não tem, sendo que as duas situações tem a mesma condição de aprendizagem, não foi tão simples. Mas quando apresentamos as orientações houve uma integração total da escola, todos aprendendo a utilizar a ferramenta, sem apresentar nenhuma objeção, fora também o apoio das famílias, onde vários vizinhos disponibilizaram senhas de internet para os alunos que não tinham condições de pagar. Então, foi um grande trabalho”, comemora a professora Marceli Cardoso, da Unidade Escolar Lima Rebelo, de São Miguel do Tapuio.


Já a professora Rosimar Silva, gestora do Ceti Pedro Mendes Pessoa, de Beneditinos, disse que a metodologia a princípio foi um grande desafio. “As aulas remotas foram a melhor forma encontrada para estarmos próximos dos alunos, nesse momento de pandemia, para que eles não sejam prejudicados com a saúde e nem com a educação. Sentamos, pensamos juntos e buscamos as estratégias para nos adequarmos à nova metodologia, de acordo com o decreto da Seduc. Todos, sem exceção, estão engajados nas aulas, com horário para começar e terminar, obedecendo as 4 horas mínimas diárias. Pudemos até perceber após o desenrolar das atividades, uma ótima interação entre todos”, afirma a diretora.

Após análise pela Unea e devolutiva para as GREs dos planos, as escolas que iniciaram o processo de aulas remotas desde o primeiro dia após decreto governamental tiveram até o dia 24 de abril para envio do plano. Conforme os planos foram chegando às GREs, elas enviavam de imediato às escolas, para que as mesmas pudessem fazer as correções ou adaptações necessárias.

De acordo com a diretora da Unea, Maria José, os cronogramas foram alinhados com todas as modalidades e, após análise, enviados ao Conselho Estadual de Educação. “A pasta tem apoiado e assessorado todas as gerências regionais para o planejamento pedagógico das escolas. Nesse momento, as equipes de ensino estão na análise dos planos e acompanhando as aulas remotas, com o propósito de apoiar as GREs para que as mesmas possam ofertar um ótimo plano para os alunos e tenhamos um excelente resultado. Esse trabalho é realizado de maneira integrada para que essas aulas sejam realizadas da melhor forma. A nossa preocupação, além do processo de ensino e aprendizagem em si, é também de uma aproximação, uma mensagem de otimismo com esse novo contato com os alunos”, afirma a diretora.

Foi o que ocorreu com a coordenadora Aurimar Rocha, do Ceti Pedro Mendes Pessoa. Ela disse que seus alunos entenderam que o ensino vai além da sala de aula. “Eles perceberam que eles e suas famílias são responsáveis pela otimização do seu próprio tempo, que eles têm uma oportunidade de não ficar inertes e tendo só notícias da pandemia, ficando preocupados em demasia, apesar de que a preocupação deve existir de qualquer forma, e estão tendo, além de tudo, a oportunidade de constituir novas habilidades de pesquisa e o reforço no compromisso familiar. Tenho recebido muitas ligações de pais de famílias perguntando como estão funcionando as aulas e pedindo a inclusão de seus números nos grupos dos alunos. Acredito que nós professores estamos rompendo paradigmas, vivendo com algo extremante novo, estamos tendo que buscar estratégias para interagir com os alunos, fizemos um plano eficaz, que teve a participação efetiva de todos, onde cada um deu o melhor de si e compartilhou o conhecimento, e, em consequência disso tudo, estamos ampliando a nossa visão de como é realmente mediar o conhecimento e entender a nossa mensagem via WhatsApp”, afirma Rocha.