O grupo de pesquisadores da Universidade Estadual do Piauí que compõe o núcleo multidisciplinar e interinstitucional Observatório de Vigilância Sanitária e Epidemiológica traz a público um manisfesto com base em pesquisas acadêmicas sobre o Coronavírus no Piauí, afim de fazer recomendações para o combate à disseminação do vírus para os órgãos competentes e alertar a população em geral.
Segundo o documento, as pesquisas apontam para necessidade maior de medidas urgentes e rigorosas. A recomendação busca evitar o caos completo no sistema de saúde do Estado, o que já acontece em Estados vizinhos como Ceará e Maranhão.
Os 16 professores, de diferentes áreas de atuação na Uespi, apontam estudos em uma nota técnica que destacam e comprovam a importância do isolamento social e a desaceleração do ritmo de contágio, assim como medidas mais eficazes para a interiorização de casos confirmados e óbitos, monitoramento de pacientes crônicos e formação continuada dos profissionais de saúde, sobretudo os da Residência Multiprofissional.
Segundo a nota, as ações governamentais de estabelecimento de medidas preventivas têm sido eficazes para a validação do isolamento social. “Esse aspecto está retratado na pesquisa de modelagem matemática, em que é possível inferir que após assinatura e divulgação dos Decretos estaduais que intensificaram a restrição à mobilidade social, houve a desaceleração da disseminação da doença, com o decréscimo do número de casos comprovados em comparação com o que havia sido previsto em momento anterior da pesquisa. Não é possível deixar de citar que o Decreto estadual Nº 18.947, de 22 de abril de 2020, relativo ao uso obrigatório de máscaras de proteção facial foi de substancial importância nesse processo”, diz o documento.
Além disso, a Nota aponta que o processo de interiorização das ações de combate a Covid-19 devem ser mais intensificadas com campanhas de conscientização a favor do isolamento social . “A tendência à interiorização coloca um grande desafio ao enfrentamento da pandemia por parte do Governo do Estado, em se tratando do sistema de saúde, já que a rede de assistência com leitos clínicos, de estabilização e de UTI apresenta um padrão de concentração espacial que indica a existência de áreas bastante vulneráveis a essa expansão no interior do estado”, aponta.
Outro ponto destacado é a necessidade do atendimento de pacientes com doenças crônicas que tem tendências a agravar a situação. “As evidências científicas demonstram que os pacientes com doenças crônicas têm maior risco de desenvolver complicações e as medidas de isolamento sem monitoramento podem agravar a situação de doentes crônicos devido às doenças de base.”
A nota técnica também ressalta o trabalho das Residências Multiprofissionais, com ações preventivas e de promoção da saúde para fortalecer práticas de cuidados mais seguras diante da pandemia da Covid-19.
A equipe de residentes atuam na Fundação Municipal de Saúde de Teresina, com foco nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e hospitais municipais. Além de estarem presentes nas instituições do Governo do Estado, como no Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela, Hospital Dirceu Arcoverde da Policia Militar, Hospital Regional de Piripiri e Hospital Getúlio Vargas
O documento registra que um “levantamento feito pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) apontou que 35 profissionais de saúde de Teresina testaram positivo para o novo coronavírus”, por isso os pesquisadores defendem a necessidade de mais “ações de capacitação, baseadas nos protocolos mais atuais, de entidades e de órgãos de referência, nacional e internacional, sejam realizados para os profissionais de todo o Estado”.
A Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Uespi e coordenadora do Observatório, Ailma do Nascimento, reitera que o manifesto defende, de maneira assertiva, que o isolamento social tem sido a melhor medida para o combate à disseminação da Covid-19. “Sugerimos ações a serem implementadas de forma imediata pelo do Governo do Estado, para que tal isolamento tenha ainda mais eficácia”, finaliza.
Confira o áudio da pró-reitora Ailma do Nascimento sobre o trabalho do Observatório
Confira o MANIFESTO.