O ensino remoto se tornou a melhor opção para as instituições de ensino darem continuidade às aulas, por conta do isolamento social recomendado pelos órgãos de saúde pública e Estado diante da pandemia do novo coronavírus, que levou à suspensão temporária das aulas. Com o intuito de manter as atividades e disciplinas, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) recorreu a plataformas virtuais, em um modelo de ensino a distância.
Sabendo que a aula remota não é uma modalidade de ensino, e sim uma solução rápida e acessível para muitas instituições, e devido à medida preventiva contra a disseminação da Covid-19, a Seduc adotou o modelo como regime especial de aulas, durante a vigência do decreto emergencial que as suspende no ambiente escolar, com a elaboração de um plano de ação pedagógica que apresentou vários resultados positivos.
A mudança, que levou as aulas presenciais para um ambiente virtual, levantou muitas dúvidas, que rapidamente foram solucionadas. As escolas tiveram total autonomia para planejar e implementar novas estratégias de acordo com as especificidades. Uma das ferramentas é o programa de mediação tecnológica, Canal Educação. Por meio dessa plataforma, a Seduc disponibiliza os links das aulas e material de todas as disciplinas.
Desde 2012 a secretaria oferta o Programa de Educação com Mediação Tecnológica, o sistema que mescla transmissão de aulas via satélite e interatividade em tempo real entre professores (no estúdio) e alunos (nas salas de aulas espalhadas por todo o Piauí com um profissional de ensino), permitindo uma mediação interativa que vem revolucionando a educação no estado desde então.
Plano de ação especifico
As escolas que não ofertam mediação, criaram seus planos de ação, baseados nas diretrizes do documento da secretaria, pensando quais ferramentas têm melhor condição de uso. A escola, por sua vez, pensou estratégias, utilizando outras ferramentas de sala de aula, como, por exemplo, aplicativos de videoconferência e recursos de pesquisa. As unidades tiveram prazos e data limite para concluir a análise e devolutiva, conforme cronograma proposto.
“Esse processo superou as expectativas em todos os sentidos, todas as escolas responderam a contento. Muito impressionante as formas adotadas para o atendimento aos nossos alunos. Pensávamos que, por ser Educação de Jovens e Adultos (EJA) e estarmos em locais diversos que na sua maioria poderiam não ter internet, recebemos uma chuva de ideias e as aulas remotas estão dando certo. Seja por rádio, material gráfico, telefones celulares, enfim, todos unidos em prol da educação”, afirma a diretora da EJA, Conceição Andrade.
A diretora da Unidade de Ensino e Aprendizagem da Seduc, Maria José Mendes Neta, conta que todas as escolas elaboraram um plano de ação especifico. “As unidades estão executando seus planos com videoaulas, tira dúvidas, exercícios e chats de discussão, lives entre professores e alunos, via WhatsApp, e-mail, para que o estudante possa acompanhar seus estudos. Atualmente, todas as escolas da rede estadual de ensino, em todas as modalidades, estão atendendo aos alunos com as aulas remotas”, afirma Maria José.
A diretora salientou que duas escolas não estão fazendo o uso das aulas porque uma está em processo de fechamento e a outra atende a alunos que necessitam de atendimento especial.
Para a professora Marceli Cardoso, da Unidade Escolar Lima Rebelo, de São Miguel do Tapuio, repensar a questão das rotinas, tanto da escola, como do professor, do estudante e até mesmo da família em curto tempo, foi o maior desafio. “Tudo aconteceu muito rápido, promover a aprendizagem e vencer nesse momento, fornecendo conteúdo que não sobrecarregasse professores, alunos e família. Se pensar em fornecer atividades tanto para quem tem acesso, como para quem não tem, sendo que as duas situações têm a mesma condição de aprendizagem, não foi tão simples. Mas quando apresentamos as orientações, houve uma integração total da escola, todos aprendendo a utilizar a ferramenta, sem apresentar nenhuma objeção, fora também o apoio das famílias, onde vários vizinhos disponibilizaram senhas de internet para os alunos que não tinham condições de pagar. Então, foi um grande trabalho”, comemora a docente.
O secretário de Estado da Educação, Ellen Gera, afirma que tiveram casos de escolas que se negaram a adotar o novo plano. “Essas escolas, com o passar dos dias e vendo todos os resultados, começaram o processo de retomada das aulas seguindo o novo plano. Tivemos momentos distintos, onde algumas escolas adotaram o novo sistema de aulas remotas bem no início, outras depois, e outras num terceiro momento. Com isso, iremos gerenciar escola por escola, pois não teremos mais um calendário de rede, mas um calendário por escola. O trabalho dos professores, que estão se desdobrando para encontrar as melhores soluções de adaptação a essa nova realidade, foi de extrema importância. Trabalhamos para que a educação não pare e continue chegando a todas as modalidades e em todas as escolas de maneira eficaz e com qualidade. Todos, professor, escola, coordenador, gerente, técnico e aluno, juntos, contribuindo para que isso aconteça da melhor forma. É muito gratificante ver o empenho de todos e o bom resultado disso”, comenta o gestor.
De acordo com Viviane Carvalhedo, diretora da Unidade de Mediação Tecnológica da Seduc, o ensino remoto chegou pela necessidade e em razão da situação de emergência em saúde pública, mas o estado do Piauí possui um centro de mídias à disposição da sociedade piauiense que redefiniu o formato de transmissão para chegar na casa do estudante, e procura aprimorar sua oferta e ferramentas constantemente para atender a demanda do estudantes e das escolas.
“Desde que iniciaram as atividades remotas já foram realizadas seis lives do Pré-Enem Seduc com cerca de 3.200 acessos ao vivo. As visualizações dos links gravados já passaram de 34 mil. São 228 aulas disponíveis na plataforma do Canal Educação para o Ensino Fundamental, 1.041 aulas de Ensino Médio, 462 aulas dos cursos técnicos e 552 aulas de EJA, além de material impresso para 53 mil alunos que não têm acesso à internet. A Educação não para,” afirma a diretora.
Formações
Criado pela Unidade Técnica do Chão da Escola (Utece), na plataforma YouTube, o canal de vídeos, Formação no Chão da Escola é uma nova ferramenta para ampliação do conteúdo a ser dado em sala de aula de forma simples e envolvendo os alunos, promovendo formação continuada remota dos atores educacionais nos mais diversos segmentos, além de trazer vídeos educativos com variados temas. A programação terá como público-alvo a comunidade escolar, com o conteúdo voltado aos professores, coordenadores de ensino e das Gerências Regionais de Educação (GREs) no Chão da Escola.
O programa Mais Educação que objetiva fortalecer as habilidades e competências dos alunos da rede pública estadual de ensino, por meio de oficinas com formações destinadas aos professores, também está realizando formações, transmitidas pelo Canal Educação, as mesmas são realizadas às segundas-feiras, no horário das 16 horas.
Por conta do momento de pandemia, o programa sofreu uma reestilização para o formato via mediação tecnológica. As formações buscam, por meio da estratégia de multiplicação e homologia de processos, replicarem o trabalho referenciado de professores das regionais de educação para os demais profissionais da rede por meio da mediação tecnológica.
As oficinas são realizadas toda semana, via mediação tecnológica, com transmissão ao vivo e na sequência os professores poderão ter acesso a todo o material trabalhado pelos formadores no site do Canal Educação. São sessões de uma hora, com orientações de estratégias pedagógicas aos professores como: homologia de processos, sala de aula invertida, metodologias ativas, estratégias para aulas remotas e avaliação. Já foram três sessões ao vivo e até a última segunda, cerca de 1.700 professores estavam ao vivo durante as três sessões com mais de 18 mil visualizações.