Desde que a pandemia do novo coronavírus se tornou uma realidade na vida dos brasileiros, com a mudança de rotina devido ao isolamento social, gerar renda tem sido um dos maiores desafios, sobretudo para quem trabalha como autônomo. Isso atinge de forma mais dramática a juventude, que é o público mais afetado pela alta taxa de desemprego. Porém, exemplos como o de Francisco Santos, jovem da cidade de Caraúbas do Piauí, podem mostrar a resistência do campo em tempos de crise.
Francisco tem um projeto de criação de galinhas iniciado há dois anos. De 2017, ano em que adquiriu as primeiras galinhas, para cá, o jovem conta atualmente com cerca de 250 galináceos. Realiza a venda tanto dos ovos como das galinhas. O projeto teve início graças ao incentivo de um professor da disciplina de Administração Rural, quando Francisco fazia curso de Técnico em Agroecologia do Instituto Federal do Piauí (IFPI). Atualmente, Francisco faz o curso de tecnólogo na mesma área no campus de Cocal.
“Tento colocar em prática o que aprendo. Crio galinhas, tanto de linhagem para postura como de corte, e também a nativa canela preta. Na agroecologia, prezamos pelo respeito ao bem-estar animal. Então, na alimentação delas, por exemplo, uso alho, limão, folhas de bananeira e acerola. Coloco mastruz na água para prevenir possíveis doenças. Além disso, elas têm acesso à área de capim e de plantas nativas”, explica o criador.
O diretor de Política para Inserção no Mundo do Trabalho da Coordenadoria Estadual da Juventude (Cojuv), Venicio Moura, ressalta a importância desse tipo de iniciativa. “Normalmente, o senso comum associa a gestão apenas a empreendimentos urbanos, mas o campo também tem esse saber técnico. Precisamos tornar públicas essas práticas até como forma de incentivo para outros jovens”, opinou Moura.
Com a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia, ele explica que tem tido mais tempo para cuidar dos animais. Francisco também conta com a colaboração da mãe no trabalho diário. Ele diz que com a situação do isolamento social, houve um aumento na procura tanto por galinhas como por ovos.
“Colho em média 50 ovos por dia. Antes da pandemia, eu costumava juntar. Agora, só faço colher e entregar para as pessoas que encomendam”, diz ele que acredita que, no atual momento, as pessoas tenham preferência por produtos locais.
Francisco vende seus produtos para clientes em Parnaíba, Cocal e também em Caraúbas. Ele explica que o perfil dos clientes é a pessoa que gosta de produtos caipiras que pode ser desde jovens até idosos.
Agora, seus planos incluem começar a vender os produtos para programas como Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Isto porque ele já tem a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), documento que reconhece agricultores familiares aptos a participar de políticas públicas de incentivo à produção e à geração de renda.
Além da criação de galinhas, Francisco tem um quintal produtivo, onde cultiva caju, acerola, goiaba, milho, feijão e hortaliças. Ele também cria porcos e cuida de um minhocário que produz adubo orgânico.