Com o objetivo de lançar luz sobre o papel essencial exercido pelas regionais de ensino, muitas vezes invisível dentro da estrutura educacional, representantes dessa instância do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte conversam para entender os desafios comuns no contexto atual e as especificidades dentro da realidade em que atuam. O encontro sobre “Os desafios das regionais”, realizado nessa quarta-feira (29), abre o Ciclo de Webinários Gestão da Educação Pública em Tempos de Crise.

Promovido pelo Instituto Unibanco, com apoio das Secretarias Estaduais de Educação do Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Piauí e Rio Grande do Norte, o Ciclo de Webinários reflete o fechamento das escolas decorrente da pandemia da Covid-19, que demandou das redes uma rápida reestruturação para implementação do ensino remoto. As regionais de ensino, instância intermediária entre o órgão central das secretarias de Educação e as escolas, desempenharam e seguem desempenhando papel fundamental na orientação e no suporte à gestão escolar nesse processo. Além de assegurar que as diretrizes e normatizações chegassem às escolas, elas precisaram reconfigurar seus processos de trabalho para fazer frente às novas demandas surgidas no contexto da crise gerada pela pandemia.

Representou o Piauí no primeiro momento, a gerente da 5ª Gerência Regional de Ensino (GRE), Lucimary Barros de Medeiros. Sediada em Campo Maior (PI), município localizado a 80 km de Teresina, a 5ª GRE abrange 31 escolas distribuídas por 13 municípios.

A questão da falta de familiaridade e de formação para o uso das ferramentas virtuais pelos docentes e as limitações no acesso à internet, tanto por parte dos estudantes como dos profissionais da educação pública, vêm sendo amplamente noticiadas e a realidade não é diferente no Piauí. “Dificilmente hoje você vê uma casa que tem um computador, as pessoas usam o celular. Costumo dizer que dormimos analógicos e acordamos com o desafio de sermos digitais”, resume a gerente.

À medida que as secretarias foram divulgando as diretrizes e tomando providências para apoiar as escolas na implementação do ensino remoto, as regionais foram se adaptando ao novo contexto e reconfigurando suas ações de suporte e acompanhamento às escolas.

A gerente piauiense conta que a regional vinha num processo de consolidação do Circuito de Gestão (metodologia de gestão implantada na rede por meio do programa Jovem de Futuro) e da “consciência da necessidade analisar causa e efeito de tudo e de acompanhar os indicadores”. Com o advento da pandemia e o fechamento das escolas, a prioridade passou a ser outra.

“A essência nesse momento é manter os nossos vínculos, ter o feedback e esse tem sido nosso grande desafio”, afirma Lucimary.

Ela explica que as escolas vêm buscando manter esse vínculo por meio da interação, que está se dando por meio da comunicação via WhatsApp, por ferramentas virtuais e pelo aplicativo da secretaria, além das aulas mediadas ou transmitidas pelo Canal Educação (mantido pela própria Seduc).

Novas demandas

No Piauí, a orientação para elaboração dos planos de trabalho docentes que precisam ser inseridos no sistema da secretaria é uma das principais demandas das escolas. Os técnicos da regional também vêm reforçando junto às escolas a importância do registro das aulas no sistema e da qualificação da frequência do aluno (participação nas atividades e interação com o professor).

“Estamos trabalhando no plano de ação das escolas, na avaliação, tudo isso para que a gente tenha evidências de que esse trabalho feito durante esse período seja validado pelos órgãos que normatizam a educação”, salienta Lucimary Barros.

Uma outra demanda forte das escolas e presente na fala dos três dirigentes regionais, Patrícia Carol Rodrigues de Melo, diretora da 6ª Diretoria Regional de Educação e Cultura (Direc) do Rio Grande do Norte, sediada em Macau; e Daniel Carlos da Costa, coordenador da Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 6, sediada em Sobral; além do Piauí, é a questão socioemocional.

“Outro desafio é trabalhar com sentimento de perda, de insegurança, de medo. Na nossa classe de professores, temos uma grande quantidade de pessoas acima de 55 anos, com comorbidades. Muitos dos nossos estudantes moram com avós, pessoas mais idosas, o que é comum no Nordeste. A questão do fluxo migratório aqui é muito intenso. Temos municípios em que chegou muita gente de fora, de São Paulo, que perdeu o emprego e conseguiu retornar, o que pode ter contribuído para o aumento dos casos”, fala Lucimary sobre o contexto da 5ª GRE.

Para fazer frente a essa demanda, foram organizados encontros virtuais entre psicopedagogas e coordenadores e diretores das escolas para trabalhar a educação positiva e socioemocional.

Fonte: Com informações do Instituto Unibanco