No começo, muitos acreditavam que somente pessoas idosas ou com doenças crônicas poderiam ter a forma mais grave da Covid-19. Hoje, a realidade se mostra diferente. Pessoas  jovens e sem nenhuma comorbidade também tiveram a Covid-19 na forma mais severa. Como é o caso do paciente Luan Francisco Gonçalves, 31 anos, que teve um quadro gravíssimo da doença, passou 18 dias intubado, com 75% de comprometimento pulmonar, no Hospital Getúlio Vargas (HGV), e essa semana, teve da alta da UTI para a enfermaria.

A equipe que o atendeu comemora os resultados depois de muita luta e sofrimento. Um dos médicos que o acompanha, o pneumologista Abel Barros Araújo, conta a trajetória de Luan. “O paciente adoeceu no início do mês de agosto, em Picos, e apesar de ter tido um atendimento rápido e passado por todos os protocolos corretos, iniciando a medicação no tempo certo, fez tomografia, exames laboratoriais, mesmo assim, teve uma evolução inicial desfavorável”, explica o médico.

Segundo Abel Barros,  o paciente foi transferido para o HGV, pois o hospital se tornou referência para o casos mais graves da doença. “Chegando aqui, todos se comoveram com a história de Luan por ser um paciente jovem e está com a mulher grávida na véspera do bebê nascer. Para agravar ainda mais o caso, Luan teve complicações infecciosas por bactérias multiresistentes, entrou em choque séptico refratário, tendo necessidade da utilização de drogas vasoativas”, explica o profissional.

Para o pneumologista, o paciente necessitou de muitos cuidados. “Por exemplo, o procedimento de pronação (Conhecida como “posição de bruços”, o método ajuda as pessoas a aumentar a quantidade de oxigênio que entra nos pulmões) foi realizado quatro vezes e exigiu seis profissionais capacitados, pois envolve riscos de eventos adversos como perda de dispositivos invasivos. O suporte respiratório, com o aparelho de ventilação mecânica, também foi um desafio pois o paciente apresentou quase 75% de comprometimento pulmonar”, explica o médico.

Para o coordenador das UTIs do HGV, o médico intensivista Caubi Medeiros, a transferência para o HGV foi fundamental para a recuperação do paciente. “A própria infecção pelo Sars-CoV-2 e também em decorrência de algumas medicações utilizadas no tratamento, o sistema imunológico do paciente fica fragilizado e susceptível a infecções bacterianas, inclusive por bactérias multirresistentes, como ocorreu no caso do Luan. Isso exigiu um laboratório de apoio capaz de identificar os agentes envolvidos na infecção, como também um apoio farmacêutico fornecendo antibióticos de amplo espectro para controlá-la. O paciente chegou a utilizar quatro antibióticos de amplo espectro simultaneamente. Além  disso, o HGV ofereceu o suporte multidisciplinar intensivo e de excelência que a complexidade do caso exigiu”, explicou o coordenador.

O diretor-geral do HGV, Gilberto Albuquerque, disse que o hospital conseguiu se preparar em tempo recorde para atender os pacientes graves acometidos pela Covid-19, chegando a montar 50 leitos de UTI e já atendeu 503 pacientes. “Quando a gente vê um paciente grave se recuperar, essa é a nossa gratificação”, destaca o gestor.

O presidente da Fundação Piauiense de Serviços Hospitalares (Fepiserh), Pablo Santos avalia que a boa estruturação do hospital assim como a alta resolutividade do atendimento de alta complexidade, foram fundamentais para os bons índices de recuperação dos pacientes que dão entrada no órgão. “O HGV é a maior referência no estado para o tratamento de pacientes graves com Covid-19 e com o apoio do Governo do Estado e Secretaria de Estado da Saúde, disponibilizamos 50 unidades de terapia intensiva, 35 leitos clínicos e um ambiente preparado para o enfrentamento da pandemia, resultado em resultados assertivos”, comenta.