O Brasil ocupa o 3º lugar no ranking de países com maior número de doadores de medula óssea. São mais de 5 milhões de cadastros. No entanto, esse número ainda está aquém da demanda por transplantes em todo o mundo. De acordo com levantamento feito junto aos hemocentros de todo o país que realizam cadastro para o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), a redução na procura para se tornar um voluntário a doador foi em torno de 30% desde o início da pandemia.

Um motivo que influencia diretamente na redução de cadastros é o medo da contaminação por coronavírus ao sair de casa. O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi) alterou os protocolos para se adequar às exigências das autoridades de saúde em relação ao distanciamento e à segurança.

“Instalamos uma cabine de desinfecção na entrada principal do hemocentro, estamos fazendo a sanitização das nossas unidades de forma regular, isolamos os assentos para respeitar o distanciamento mínimo de 1,5m, o doador ao chegar no Hemopi tem a temperatura aferida e à disposição mais locais para higienização das mãos, além do uso obrigatório de máscara. Não há perigo de contaminação por coronavírus na coleta do tubo. São medidas importantes que passam segurança ao doador”, explica o diretor do Hemopi, Jurandir Martins.

Achar um doador de medula compatível não é algo fácil. “É preciso ter um universo de possíveis doadores com características genéticas diversas para conseguir achar a compatibilidade. A probabilidade é de 1 em 100 mil para os casos não aparentados, que é quando não existe na família um doador compatível”, afirma o gestor.

Dia Mundial do Doador de Medula Óssea

Neste mês comemora-se o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, que este ano será em 19 de setembro. O movimento é mundial e o Hemopi deve realizar uma mobilização nas redes sociais na semana de 14 a 19 de setembro para lembrar a data e estimular o cadastro de doadores.

Doadores

No Piauí, existem 93.312 mil doadores cadastrados. Atualmente, o perfil do doador no Brasil é de mulheres, brancas e na faixa etária entre 30 e 44 anos. É preciso diversificar esse perfil para aumentar as chances de compatibilidade para quem está na fila de espera por um transplante.

“Os bancos de doadores são interligados em todo o mundo e mesmo assim, ainda existem muitos casos onde não se encontra um doador compatível dentro desses registros. Aqui no Piauí, em 2019 tivemos 67 pessoas convocadas, mas somente cinco efetivamente doaram. Em 2020, já foram 32 convocados, mas somente duas doações efetivadas”, pontua Jurandir Martins.

Ele lembra ainda que os hemocentros de todo o país são responsáveis somente pelo cadastro de doadores de medula óssea e em casos de compatibilidade, o Hemopi entra em contato com o possível doador para informar e saber se a pessoa realmente tem interesse em doar.

“É um processo minucioso que tem várias etapas. A primeira delas é o cadastro, pelo qual somos responsáveis. Todo o processo a partir daí é conduzido pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que é o órgão no Brasil que gerencia o Redome. Além do cadastro, o doador precisa manter seus dados sempre atualizados para facilitar o contato em casos de compatibilidade”, explica o diretor do Hemopi.

Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:

– Ter entre 18 e 55 anos de idade;
– Estar em bom estado geral de saúde;
– Não ter doença infecciosa ou incapacitante;
– Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico;
– Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.