O governador Wellington Dias, atual presidente do Consórcio do Nordeste, assinou, na última terça-feira (27), um acordo de cooperação técnica com o Banco Regional de Brasília (BRB) para a liberação de recursos que irão beneficiar agricultores familiares por meio de cooperativas e outras entidades nos nove estados nordestinos. Até R$ 35 milhões devem ser distribuídos.
No Piauí, devem ser contempladas cooperativas que atuam na produção de alimentos como mel e frutas, entre outros. O governador Wellington Dias destaca que este é um modelo que servirá de base para relação com outros agentes financeiros “apoiando os pequenos, especialmente a agricultura familiar, que dá bons resultados”.
Segundo o superintendente da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) e coordenador do Projeto Viva o Semiárido (PVSA) no Piauí, Francisco das Chagas Ribeiro, o fórum do gestores e gestoras da Agricultura Familiar do Nordeste está articulando uma plataforma de crédito para atendimento da Agricultura Familiar principalmente por meio das cooperativas. “O projeto piloto desta plataforma vai ser realizado aqui no estado, atendendo inicialmente a COMAPI (Cooperativa Mista de apicultores da microregião do município de Simplício Mendes) que tem hoje quase 500 cooperados e foi financiada recentemente pelo PVSA. A cooperativa produz e exporta mel e, nos últimos anos, a produção variou entre 500 e 700 toneladas, praticamente sua totalidade destinada à exportação”, explicou .
O superintendente acrescenta a que a grande marca da Comapi é a quantidade de certificações, oito no total. “Tem o mel orgânico, organismos geneticamente não modificados, certificados com selos de qualidade e a capacidade para processar mil toneladas de mel ou mais, por ano”, explica Francisco das Chagas Ribeiro. Ele reitera que, ultimamente, esta meta não tem sido alcançada em função da falta de recursos dos cooperados para adquirir o mel, o que faz com que muitos deles vendam para outras empresas ao invés de comercializar via cooperativa, por falta de recursos da cooperativa. “Este é um projeto que vai financiar o capital de giro, capitalizar a cooperativa para adquirir todo o mel dos cooperados e aumentar capacidade de processamentos”, explicou, acrescentando que há previsão de um empréstimo entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões, valor ainda a ser definido, conforme as garantias na capacidade de pagamento e posterior aprovação do banco. O gestor ressalta que a Comapi foi responsável por projetos estratégicos do PVSA, terminando a aplicação de rendimentos, e é a principal cooperativa do Piauí, com a maior produção de mel.
Numa segunda fase, cerca de 40 cooperativas do Nordeste serão beneficiadas com capacitação em gestão, envolvendo patrimônio e fluxo de caixa. Além disso, o Piauí está pleiteando apresentar mais sete cooperativas na área de atuação do Progere II e do PVSA como a Coovita (Cooperativa de Produtores e produtoras da Chapada do Vale do Itaim do Piauí), de Paulistana, Betânia e Queimada Nova, do Vale do Fidalgo, em Simplício Mendes, Cocajupi (Central de Cooperativas de Cajucultores do estado do Piauí) e Casa Apis de Picos , Cooperativa dos Apicultores de Aniso de Abreu e ainda na área de atuação do Progere, Coafrut e Codevarpi, de Piripiri e Piracuruca.
Sergio Viana, gerente da Comapi, destaca que esta possibilidade de parceria com o Banco Regional de Brasília vem sendo costurada com a intermediação do Governo do Estado no sentido de indicar a cooperativa como entidade que vale a pena ser aportado recursos, por serem bons pagadores. “Desde julho, apresentamos documentação e estamos sendo analisados pelo banco. Estamos na fase final de análise documental, bem adiantados. Uma relação que está se desenvolvendo com o objetivo da capitação de recursos para viabilizar a atividade econômica que possibilitará a aquisição do mel da cooperativa e o pagamento dos cooperados. Já trabalhamos com o Banco do Brasil e queremos diversificar a carta de crédito da cooperativa”, pontuou.