Com apenas 9 mil habitantes, o município de Ilha Grande, no litoral do Piauí, se torna gigantesco por ser porta de entrada para o Delta do Parnaíba e pelo trabalho, reconhecido nacionalmente, das rendeiras do Morro da Mariana. Graças a essas atrações turísticas, somadas à típica culinária local, a cidade recebeu de julho a novembro deste ano 13 mil turistas, que movimentaram R$ 380 mil.
O Porto dos Tatus é o local de embarque e desembarque dos passeios de barco para o Delta do Parnaíba, o terceiro maior do mundo. Durante o trajeto, o turista aprecia belezas naturais da região, como os espelhos d’água, mangues, dunas, lagoas, animais silvestres, rios e praias com paisagens paradisíacas.
As dezenas de ilhas que se formam na foz do Rio Parnaíba guardam espécies raras de animais como o guará, pássaro de penugem vermelha escarlate, cuja revoada pode ser vista em uma única ilha do arquipélago, sempre no fim da tarde. Há ainda macacos-prego, guaribas, jacarés, cobras, aves migratórias e muitos outros bichos. Além das ilhas, é possível apreciar as dunas e, durante a época das chuvas, uma região conhecida como Lençóis Piauienses, ainda pouco explorada.
Ilha Grande é a maior das cinco ilhas criadas a partir do encontro do Rio Parnaíba com o Oceano Atlântico. Antes, um bairro, o município foi desmembrado de Parnaíba em 1997, e sua principal atração era as rendas do Morro da Mariana. Com a criação da cidade, outros pontos turísticos ganharam força, como o Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Pobres, que possui um mirante.
O secretário do Turismo de llha Grande, Adilson Castro, ressalta que, além do Delta, a culinária e o trabalho artesanal da Casa das Rendeiras são atrativos do município.
Segundo ele, cerca de 400 catadores de caranguejo retiram do extrativismo 20 mil cordas do marisco por semana. “O grande forte é o caranguejo natural, o chamado toc toc, e o marisco de água doce, que tem um sabor diferente. Isso resultou nas feiras anuais do caranguejo e marisco”, explica o gestor.
A culinária, então, é riquíssima. A empresária Fátima Lima ressalta que os pratos mais procurados são o peixe Tilápia (tirado na hora do tanque de criação), a galinha caipira, o pato e o camarão de água doce. “As famílias vêm e são muito bem tratadas. Damos uma atenção especial para que o nosso turista sempre volte”, acrescenta a empreendedora.
Mas, talvez, o maior reconhecimento das atrações de Ilha Grande venha da moda. Desde que personalidades famosas começaram a usar vestidos feitos pelas rendeiras do município, o trabalho delas ganhou o mundo, sendo vendido hoje para o exterior. Graças a uma técnica exclusiva na hora de fazer as rendas, por meio do bilro, o trabalho 100% manual se tornou uma atração internacional. Hoje, as rendeiras exportam seus produtos para fora do Brasil, como Holanda, Itália e Argentina.
A presidente da Casa das Rendeiras, Socorro Reis, lembra que as rendas de bilro são especiais porque são difíceis de serem encontradas no Brasil, e Ilha Grande possui esse privilégio. “Fazemos peças com colar, gargantilha e recebemos também pedidos para vestidos de noiva”, comemora Socorro.