No Piauí, atualmente existem mais de 250 comunidades quilombolas mapeadas e reconhecidas. Formadas sobretudo por famílias de agricultores familiares que dependem daquilo que produzem para viver.

Nas últimos anos, por meio de ações do Governo do Piauí, estas comunidades passaram a ter acesso a direitos que há muito reivindicavam, como os títulos das terras que ocupam, por exemplo, medida que deve ser concluída até 2022. Por iniciativa do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Piauí (Emater-PI) essas comunidades também passaram a contar com  acompanhamento especializado no dia a dia do campo, através do projeto ATER no Quilombo.

Além disso, através do Projeto Viva o Semiárido, o Instituto tem atuado em 15 comunidades quilombolas do sertão piauiense, levando ações que visam contribuir para a redução da pobreza e dos níveis de extrema pobreza dos quilombolas por meio do incremento das atividades produtivas predominantes e do fortalecimento organizacional dos produtores rurais.

Na última quarta-feira (15), acompanhado da vice-governadora, Regina Sousa, e da secretária de Agricultura Familiar (SAF), Patrícia Vasconcelos, o diretor-geral do Emater-PI, Francisco Guedes, esteve em duas destas comunidades, localizadas na zona rural do município de Paulistana.

O coordenador regional do Instituto em Paulistana, Joicione Rodrigues, o extensionistas rural, Juvaldi Luz, e os técnicos do Instituto Avance, que prestam assistência nas comunidades, também estiveram na comitiva.

Na Comunidade Chupeiro, através do Projeto Viva o Semiárido (PVSA), coordenado pela Secretaria de Agricultura Familiar, foi entregue uma unidade de beneficiamento de mel, para aprimorar a produção das famílias quilombolas que permanecem na localidade. Na oportunidade, os gestores ouviram mais demandas dos moradores e se comprometeram a buscar soluções.

“Nós temos uma dívida com os povos indígenas e negros no Brasil. Nosso país já fez algumas coisas, mas, agora está voltando atrás, e a gente precisa pagar essa dívida, retribuir o sacrifício dos nossos antepassados fazendo algumas coisas que já deveriam ter sido feitas. Não é bondade, é obrigação fazermos isso” destacou Regina Sousa.

Na ocasião, a presidente da associação dos moradores do Chupeiro, Maria Francisca, filha do fundador da comunidade, José Andrelino da Silva, se emocionou ao falar sobre as lutas da comunidade.

“Essa visita traz para nós uma grande alegria e esperança. Nós só precisamos de condições para produzir, ninguém gosta de deixar o lugar onde vive, por isso queremos condições para que ninguém mais saia e os que saíram retornem, destacou a moradora.

Das 19 famílias originárias do Chupeiro, 13 ainda residem na comunidade, criada em 1961.

Na Comunidade Quilombola São Martins, a comitiva visitou as 25 unidades de sistemas de produção integrada de alimentos (Sisteminha Embrapa), implantados pela SAF no fim de 2020, através do Programa Viva o Semiárido.

Nas unidades do Sisteminha da localidade, voltadas, prioritariamente, para a garantia da soberania alimentar dos quilombolas, os agricultores produzem peixes, ovos, frangos de corte, suínos e hortaliças.

“Através do sisteminha, a gente pode fazer uma revolução na soberania alimentar e na alimentação saudável das famílias desses locais, além de se encaminharem para o empreendedorismo solidario. Esse piloto aqui na comunidade mostra que é possível fazer, especialmente, quando a comunidade abarça a ideia”, destaca o diretor-geral do Instituto, Francisco Guedes.

A proposta agora é expandir a ideia para mais comunidades piauienses e, para isso, o Emater-PI está licitando 500 unidades do sisteminha a serem instaladas no estado.

“Nós estamos no pico da produção, produzindo bastante ovos, peixes. As famílias estão felizes e a gente só tem a agradecer a todos os parceiros por estarem proporcionando essa melhoria de vida para as famílias da comunidade. Nós desejamos que o projeto seja ampliado a outras comunidades para que eles possam usufruir do que estamos usufruindo aqui”, comemorou a moradora da comunidade,  Milena Martins.

A vice-governadora destacou que a experiência no Quilombo São Martins prova que a tecnologia está pronta para ser replicada em outras comunidades, através de políticas públicas a serviço do povo mais pobre.

“Está provado que dá certo. Você tem a proteína, você tem as frutas, a vitamina, tudo que o organismo da gente precisa e o excedente dá para vender para ter dinheiro para comprar outras coisas e se deu certo aqui, vai dar certo nos outros lugares e a gente precisa garantir isso” afirmou Regina Sousa.

Fonte: Ascom/Emater