Estrada de chão, clima semiárido e povo que fincou raízes às margens da maior fonte de água por perto, a barragem do Jenipapo, para prevenir que lhe faltasse o básico, a sobrevivência. Assim era a comunidade Moreira antes da chegada do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado o Piauí (Emater).

A aproximadamente 640 km da capital, Teresina, a comunidade Moreira fica no interior do município de Dom Inocêncio. Formada no torno da barragem local, teve desde seu início uma comunidade voltada para a pesca, mas sem as instruções necessárias para transformar a subsistência em rentabilidade. Foi quando em 2016, por meio de um acordo de empréstimo entre o Governo do Estado do Piauí e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), no âmbito do Projeto Viva o Semiárido (PVSA), a comunidade começou a receber as condições que casariam perfeitamente com a vontade que seus moradores tinham de melhorar de vida.

Por meio da Associação dos Irrigantes e Piscicultores da Localidade Moreira, foi apresentado um projeto produtivo ao PVSA objetivando o incremento da atividade de criação de peixes, por meio da aquisição de 26 tanques-rede, uma plataforma de manejo, canoas, máquina de gelo, motocicleta tipo triciclo, apetrechos para piscicultura, além de alevinos e ração para o primeiro ciclo de produção.

 

Para o presidente da associação, Raimundo Nonato, o programa contribui diretamente para o desenvolvimento da comunidade. “Todos nós já mexíamos com pesca, mas ninguém criava assim em grande escala, hoje, apesar da distância, temos como comercializar os peixes. Esse é um projeto que nos ajudou muito”, afirmou Nonato.

Investimentos 

O projeto tem investimentos da ordem de R$ 228.324,62, dos quais R$ 205.474,16 são recursos de fonte do acordo de empréstimo Governo do Estado/Fida e R$ 22.830,46 como contrapartida da comunidade.

A entidade responsável pela elaboração, implantação e assistência técnica, é o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado o Piauí (Emater) que, por meio de um plano de assistência executado pela equipe técnica do Escritório Regional do Município de São Raimundo Nonato e apoio técnico da Unidade Regional de Gestão do Projeto Viva o Semiárido (URGP) Serra da Capivara, vem auxiliando em todas as etapas de instalação do projeto.

O diretor-geral do Emater, Francisco Guedes, falou com alegria sobre a prosperidade do projeto. “É importante destacar exemplos de sucesso como esse na comunidade Moreira. Temos um exemplo claro de como os projetos beneficiam das mais diferentes formas. A nossa proposta é exatamente essa, mostrar que o Emater transforma vidas para melhor. Temos um compromisso firmado com o Governo do Estado, na pessoa do governador Wellington Dias, para alavancar o IDH de nossos municípios e o Emater é uma instituição indispensável para que esse objetivo seja alcançado”, afirmou o gestor.

Um dos responsáveis pelo acompanhamento técnico na localidade, o extensionista do Emater Lucas Bastos, falou sobre a comunidade que se mostra completamente envolvida no projeto. “Foi um grande avanço para a comunidade e acreditamos que eles já se apropriaram completamente do projeto e conseguem ser autossuficientes dentro da produção”, explicou Lucas.

Impacto na culinária

Entre outras atividades do projeto foram realizadas capacitações e cursos de culinária do peixe e de filetagem de tilápias, o que possibilitou a comercialização do filé de peixe para a merenda escolar no município.

Maria de Jesus, uma das moradoras contempladas pela capacitação em culinária, destacou o aprendizado obtido com o curso. “Para nós foi muito importante o curso, aprendemos a fazer os bolinhos de peixe, a preparação do filé, coisas que não sabíamos antes e que além de comer também produzimos para vender nas feiras”, destacou Maria.

Comercialização

Somente em 2018, a comunidade com apenas 20 pessoas envolvidas diretamente com a produção comercializou aproximadamente 13 toneladas de peixes, incluindo as compras governamentais e vendas diretas ao consumidor.

A produção que ainda dá garantias à segurança familiar dos beneficiados é comercializada em três municípios próximos, sendo eles Dom Inocêncio, São João do Piauí e Capitão Gervásio Oliveira.

O coordenador-regional do Emater no território Serra da Capivara, Eduardo Galvão, falou sobre o acompanhamento do instituto na comunidade Moreira. “É uma satisfação para nós do Emater quando vemos uma comunidade assim, prosperando com um projeto executado por nós. Apesar de gerir a parte administrativa dos projetos, buscamos também levar as necessidades das comunidades aos nossos técnicos que fazem um acompanhamento efetivo e, aqui, na comunidade Moreira, o resultado é visível”, concluiu Galvão.

Além do projeto do Emater, a comunidade também foi agraciada com um projeto produtivo da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em agricultura e cultivo de hortaliças, frutas e tubérculos e mais 30 tanques para a produção de peixes.

“Nós observamos que essa comunidade vem obtendo sucesso, hoje podemos dizer que ela é uma referência em coletividade, organização e produtividade. Hoje, eu considero que eles têm aqui os maiores produtores de batata doce da agricultura familiar”, destacou Everaldino de Brito, técnico da Codevasf.

Além da produtividade, segurança alimentar e outros benefícios que o auxílio do Governo do Estado trouxe, a comunidade registra ainda a diminuição da migração para os grandes centros.

Emerson da Silva é, dentre os beneficiados, o mais jovem. Com apenas 21 anos ele contou como o projeto auxiliou na sua permanência na localidade. “Antes eu ia até Dom Inocêncio para trabalhar, buscar um meio de vida e agora eu posso me concentrar em produzir aqui. Nós só temos que agradecer ao Emater e ao Governo do Estado pela oportunidade”, ressaltou o morador.

Fonte: Ascom Emater