Na semana da Consciência Negra e do África Brasil, um dos maiores eventos da Universidade Estadual do Piauí, a Uespi tem motivos para se orgulhar, pois se destaca, em números percentuais, como a a maior instituição pública de ensino superior do Brasil em termos de representatividade de docentes negros e pardos. Segundo dados do Censo da Educação Superior 2018, divulgados este ano pelo Ministério da Educação (MEC), a Uespi conta com 908 professores autodeclarados negros e pardos, o que corresponde a 74% do total de professores da Universidade.

De acordo com a Revista Quero, que divulgou os dados mais específicos quanto a essa representação, a pesquisa foi com base em universidade (públicas e privadas) com mais de 500 professores “em exercício”.  “Apenas sete universidades privadas do Brasil possuem maioria de negros entre seus professores. Entre as universidades públicas, esse número é ainda menor: somente cinco instituições possuem maioria de docentes negros, espalhados em estados do Norte e Nordeste”, revela a publicação.

 

Professor Élio se destaca na Uespi e no estado na luta pelos direitos do povo negro |foto: Arnaldo Alves

 

Segundo o primeiro professor negro com doutorado da Uespi, Élio Ferreira, há muitos anos, a instituição promove a inclusão de temáticas destinadas ao povo negro, como, por exemplo, a realização de eventos e debates para aumentar a visibilidade dessa temática, além de projetos e programas de extensão e trabalhos de pesquisa no ensino e na pós-graduação de diferentes cursos. “Essa conquista é o resultado do trabalho de várias décadas dos povos negros da instituição. A Uespi é lugar desse povo. Aqui a gente promove questões de matrizes africanas, realiza eventos, como, por exemplo o África Brasil para que a população afro-descendente se sinta familiarizada e tenha mais visibilidade”, explica o docente.

A professora e coordenadora do África Brasil, Iraneide Soares, destacou que as cinco universidades públicas com mais professores negros do país  estão no Nordeste. “Nesta lista, a Uespi está em primeiro lugar do Brasil. Para nós, é muito importante saber deste resultado, pois ele mostra todo o esforço e luta do povo negro, em especial dos professores do Piauí”, afirmou.

A professora Iraneide Soares afirma que a Uespi tem espaço aberto para a população negra |foto: Arnaldo Alves

 

A Uespi, desde 2008 e de acordo com a Lei Estadual 5791, determina 30% das vagas ofertadas nos cursos de graduação da instituição devem ser reservadas a essas políticas sociais e afirmativas. Há também nos programas de pesquisa da instituição incentivos de bolsas para quem ingressou pelo sistema de cotas.

Para o reitor em exercício, professor Evandro Alberto, esses dados comprovam que as políticas afirmativas, são necessárias porque trazem oportunidades educacionais para a população negra. Ele complementa que as politicas públicas precisam igualar essa proporção das oportunidades entre todos os brasileiros para que o Estado cumpra seu papel diante da sociedade. “Estamos felizes de receber essa notícia de que somos uma instituição de ensino com maior representatividade entre negros e pardos do país. Esse é um dado que comprova nossa mistura de cor, de raças, de sons, de ideias, de experiências e de empatias. Somos plurais e continuaremos assim, porque somos mais fortes”, concluiu o reitor.

O professor Evandro Alberto destaca o pluralismo da Uespi e reafirma o combate a qualquer tipo de preconceito

 

Confira a entrevista com o professor do curso de Pedagogia do campus de Corrente, Marcos Vinício Santana.