Em uma tarde significativamente participativa, a defensora pública aposentada Valéria Nascimento Diniz ministrou nesse sábado (16) o IV Módulo do curso Defensoras Populares, que se destina a capacitar lideranças femininas em direitos, para que possam se tornar agentes multiplicadoras junto às suas comunidades, formando uma ponte entre estas e a Defensoria Pública. O tema abordado foi “Direitos das Pessoas com Doenças Graves”.
O curso é fruto do projeto Defensoras Populares, coordenado pela subdefensora pública-geral do Piauí, Carla Yáscar Bento Feitosa Belchior, e conta em sua execução com a parceria das defensoras públicas Lia Medeiros do Carmo Ivo e Verônica Acioly de Vasconcelos, ambas do Núcleo de Defesa da Mulher em Situação de Violência de Teresina.
Vivendo desde 2013 com um câncer e suas consequências, Valéria Diniz transformou o módulo em uma lição de força e resiliência. A defensora discorreu sobre o seu próprio tratamento e todo o processo de transformação necessário para o enfrentamento ao câncer. Destacou também todos os direitos das pessoas com doenças graves, entre os quais isenção de imposto de renda, saque do FGTS ou PIS, amparo social, benefício por incapacidade temporária e cirurgia de reconstrução mamária.
“É um tema que significa uma resignificação. Dificilmente não tem alguém que esteja enfrentando alguma doença grave ou alguém da família nessa situação. Ano passado coloquei aqui um vídeo que falava de morte e algumas pessoas disseram que não queriam abordar o tema, mas às vezes é preciso falar da morte, a única coisa que a gente tem certeza é da morte, nascemos e morremos e, no meio disso tudo tem uma coisa chamada vida, mas como estamos vivendo essa vida?! Por isso é necessário que a gente se resignifique, que se permita viver”, afirmou Valéria Diniz.
A defensora lembra que as pessoas sempre desejam vida longa e saúde em festas de aniversário, mas só percebem de fato o que é saúde quando estão na iminência de perder, ou quando perdem. “Por isso temos que agradecer todos os dias por estarmos vivas. Nessa pandemia somos sobreviventes, vejo por exemplo vários amigos meus que tanto rezaram por mim e não estão mais aqui e eu, que tive Covid, estou. Estar viva é viver intensamente, amar a vida da melhor forma que tiver”, afirmou Valéria Diniz, destacando ainda a importância de um atendimento humanizado, de um olhar diferenciado dos profissionais médicos, assim como a atuação da Defensoria Pública para garantia dos direitos das pessoas com doenças graves.
O módulo foi bem participativo, com as futuras defensoras populares se manifestando por meio do chat ou em momentos de fala após a explanação. “Temos que ser um diferencial para essas pessoas que necessitam de informação em busca de seus direitos “, “Resolve-se tudo na Defensoria Pública, conseguimos o benefício da irmã que tem doença mental, sou muito grata pelo atendimento, porque lá recebi as informações certas”, foram algumas das manifestações.
Carla Yáscar Belchior destaca a riqueza do módulo e os ganhos que o mesmo trouxe para as participantes. “Foi uma tarde bem linda de troca. Discutimos um tema muito importante, especialmente para nós mulheres. A participação da defensora Valéria Diniz trouxe um ânimo e um alento, primeiro por suas informações precisas quanto aos direitos das pessoas com doenças graves, assim como por sua emocionante experiência de vida conosco compartilhada, demonstrando que a forma como encaramos as adversidades que surgem em nossas vidas é fundamental para que possamos seguir em frente. Mais do que uma aula sobre direitos, Valéria nos presenteou com uma aula de vida”, afirmou.