A Secretaria da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc) e a Agência de Tecnologia da Informação (ATI) lançaram nesta quarta-feira (7), no Auditório Santa Dulce dos Pobres, o aplicativo EUCREIO. O objetivo é fazer um mapeamento de todas as comunidades de terreiros do estado do Piauí. Participaram da solenidade representantes de comunidades de terreiros de Teresina e do interior do estado.

O aplicativo foi desenvolvido pela Agência de Tecnologia da Informação (ATI). Para que todos entendam a funcionalidade do aplicativo, as equipes da Sasc irão criar núcleos nos municípios para capacitar pessoas no uso do EUCREIO. Para usar o aplicativo, é preciso fazer o cadastro.

Neste mês, serão feitas capacitações em Teresina, União e Floriano. No próximo mês, em Parnaíba e Picos e, em agosto, Piripiri, São Raimundo Nonato e Esperantina.

A secretária da Assistência Social, Regina Sousa, destacou que o aplicativo vai ajudar a saber quantos terreiros existem e os principais problemas que enfrentam. “Com essas informações, o governo vai poder realizar as ações em prol dessas comunidades”, disse a secretária.

O coordenador do núcleo setorial de informática da ATI, Evaldo Cunha, explica que o aplicativo pode ser baixado por qualquer pessoa que tenha um android. “Ele vai permitir que o pai de santo ou qualquer pessoa faça o cadastro do seu terreiro e o cadastro vai conter diversas funcionalidades com moradia, segurança, saúde, educação entre outras”, informou o coordenador.

A superintendente da Promoção da Igualdade Racial e Povos Originários do Piauí, Assunção Aguiar, frisa que, a partir do uso do aplicativo, também será mais fácil conhecer e priorizar as demandas e políticas públicas para essas comunidades, mas chama a atenção para a necessidade de pais e mães de santo prestarem as informações corretamente para que as ações possam acontecer de forma mais efetiva: “Se a gente tem a consciência de que só se consegue executar políticas públicas quando conhece o que aquele público precisa, então o aplicativo visa trazer também essa informação”, ressaltou Assunção.

A superintendente destacou ainda, que o aplicativo é uma reivindicação bastante antiga das comunidades de terreiro e finalmente vai sair do papel. “A gente vinha tentando resolver essa demanda há um bom tempo e só agora, nesta gestão, estamos concretizando esse aplicativo. Ele busca fazer um mapeamento de todas as casas de terreiro de Umbanda, Candomblé, Quimbanda e todas as casas de Matrizes Africanas no estado do Piauí”, explica a superintendente.

Intolerância

Outras políticas já em andamento são o enfrentamento ao racismo religioso e a implantação de emprego e renda. Dando cumprimento a Lei 11.645,  a Sasc e a Secretaria de Educação promovem a implantação da Cultura Afro Brasileira nas escolas. “A gente entende que as crianças, conhecendo seus direitos e deveres, elas também ajudam os pais, a fazerem essa conscientização”, reforça Aguiar.

Alexandro Silva, pai de santo de Parnaíba, ressalta a necessidade de conhecer os dados sobre as religiões de Matrizes Africanas também para enfrentamento ao racismo religioso em todo o estado. “Saberemos quanto nós somos, e de certa forma, vamos nos unir para termos mais força. As dificuldades nós enfrentamos todos os dias com a intolerância, sem a gente poder andar vestido com nossos trajes religiosos, porque o povo nos critica. Em nossa cidade houve um caso de pessoas invadirem os terreiros e até assassinar pessoas. Eu creio que com esse aplicativo a gente possa nos fortalecer e lidar com essas situações”, finaliza o pai de santo.

Fonte: Sasc