A Coordenadoria de Estado de Políticas para as Mulheres (CEPM-PI) lançou, nesta quinta-feira (7), a campanha de Enfrentamento ao Feminicídio, no auditório da Secretaria de Estado da Administração e Previdência (Seadprev), com palestras voltadas para os servidores estaduais.
A Coordenadoria da Mulher vem realizando diversas ações de combate à violência contra a mulher e enfrentamento ao feminicídio com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre as diversas violências que ocorrem no cotidiano como forma de prevenção e empoderamento para que essas possam ter novas perspectivas profissionais e na vida pessoal. As palestrantes convidadas foram a delegada Marília Vasconcelos, da Delegacia da Mulher de Caxias; a psicóloga Ludmilla Soares, especialista em Família e Políticas Públicas; a delegada Anamelka Cadena, diretora de gestão interna da Secretaria de Segurança Pública.
De acordo com a coordenadora geral, Zenaide Lustosa, esta é uma campanha permanente que irá envolver os órgãos do governo. “A proposta é provocar a sociedade em relação a essas violências. Para isso, serão realizados 16 dias de ativismo envolvendo vários órgãos do governo, juntamente com a sociedade civil. Assim, visitaremos vários municípios, principalmente escolas, com ações de prevenção”, comentou Zenaide.
Em 2019, o Brasil registrou uma alta de 4% no número de casos de feminicídio em comparação aos anos 2017 e 2018, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento foi baseado nos dados dos boletins de ocorrência enviados pelos estados ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Isso significa que uma vítima é morta por ser mulher a cada oito horas.
“Enquanto conversamos, uma mulher está sendo violentada. A cada uma hora, mais de 500 mulheres sofrem violência no Brasil. Por dia, temos 13 feminicídios no país e a cada 11 minutos uma mulher é estuprada. O Brasil é o quinto país com maior índice de violência doméstica. São índices alarmantes e entendemos que, para mudar essa realidade, precisamos sensibilidade a sociedade, que é patriarcal e fortalecida pelo machismo. Não é um trabalho fácil, por isso são ações que se intensificam e devem acontecer durante todo o ano”, acrescentou a coordenadora.
A delegada da Delegacia da Mulher de Caxias, Marília Vasconcelos, foi uma das convidadas a palestras no evento e abordou a violência contra a mulher na perspectiva de gênero, sobre os tipos de violência sofridos pelas vítimas, o feminicídio e a motivação dos índices exagerados de crimes. “Muitas mulheres que estão aqui, hoje, se perguntadas quem foi vítima de violência, elas vão achar que a violência é apenas física, então elas não conseguem se enxergar enquanto vítimas de violência doméstica praticada pelo companheiro, vítimas de um assédio moral ou sexual praticada por um chefe no trabalho. Então, um evento como esse é importante para esclarecer para essas mulheres esses aspectos e ela repassarem para as pessoas conhecidas”, disse a delegada.
No Piauí, o atendimento às mulheres vítimas de violência é realizado através de uma rede especializada, envolvendo diversas instituições, tais como Delegacias da Mulher, Casa Abrigo, Serviço de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sexual, Núcleo de Atendimento à Mulher, na Defensoria Pública, dentre outros.
Salve Maria
O Piauí têm ganhado notoriedade no cenário nacional no combate ao feminicídio com a criação do aplicativo para dispositivos móveis Salve Maria, uma tecnologia aliada no enfrentamento à violência contra a mulher. Mais de oito mil pessoas no estado já baixaram o aplicativo e, desde março de 2017, ele já foi acionado em 27 cidades do Piauí. O aplicativo também conta com outra ferramenta: o botão do pânico. Serve para situação de emergência quando mulheres que já foram agredidas recebem ameaças ou quando a vítima sofre uma agressão naquele momento. Quando o botão é acionado, ele toca nas centrais da Polícia Militar do Piauí e os pedidos de socorro devem ser atendidos imediatamente. As denúncias são encaminhadas para as delegacias especializadas.
Centro de Referência
O Centro de Referência para Mulheres Vítimas de Violência “Francisca Trindade” Representa um espaço de atendimento psicossocial e jurídico voltado ao bem estar da mulher e ao exercício pleno do seu direito e à cidadania. Para tanto, conta com uma equipe técnica qualificada formada por profissionais da área de assistência social, psicologia e advocacia, além de pessoal de apoio administrativo e estagiários capacitados para a recepção e acolhimento das vítimas. O objetivo é proporcionar um atendimento de qualidade no trabalho de escuta individual e específica da mulher, de acordo com sua demanda pela assistência social, advocacia ou psicologia; direcionamento da mulher à rede de proteção social quando necessário; realização de visita às mulheres em domicílio por profissionais da equipe técnica; inserção da mulher num espaço de troca de experiência e fortalecimento de vínculos interpessoais. O centrto também promove oficinas e cursos de capacitação e atividades práticas que viabilizem aprendizado e ajuda na renda familiar.