De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), para cada ano do triênio 2020-2022, estima-se que serão diagnosticados, no Brasil, quase 11 mil casos novos de leucemia, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres. Com o objetivo de divulgar informações sobre a doença, a Assessoria de Comunicação da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) entrevistou a professora do curso de Medicina da instituição, Maria Aline Ferreira, sobre a campanha Fevereiro Laranja, que visa à conscientização acerca da leucemia.

Confira o que você precisa saber para manter-se informado sobre esse assunto tão relevante no âmbito da saúde:

No que consiste a campanha?

A iniciativa do Fevereiro Laranja tem, por objetivo principal, alertar a população sobre os sinais e sintomas de leucemia a fim de garantir o diagnóstico e o início do tratamento mais rapidamente. Da mesma forma, serve também para conscientização da população quanto à importância da doação de células saudáveis da medula óssea. Para a realização do transplante, é necessária a existência de doadores geneticamente compatíveis. Quando não são encontrados parentes próximos compatíveis, são buscados doadores cadastrados no Registro Nacional do Doadores de Medula (Redome). E quanto maior o número de voluntários cadastrados, melhores as chances do paciente de localizar um doador compatível.

Mas afinal, que doença é essa?

A leucemia é uma doença que compromete a medula óssea, interferindo na produção das células sanguíneas. Na leucemia, um grupo de células sofre uma alteração genética que faz com que elas se multipliquem de forma descontrolada, atrapalhando a produção de células saudáveis em quantidade adequada.

Pode atingir pacientes de todas as idades e os sintomas mais comuns são em decorrência da redução dos elementos saudáveis. A medula é responsável pela fabricação de hemácias, glóbulos brancos e plaquetas. Se a fabricação de hemácias diminui, o paciente terá anemia e apresentará palidez, fraqueza, indisposição, cansaço aos esforços. Se a fabricação de glóbulos brancos saudáveis fica prejudicada, estará mais vulnerável ao risco de infecções e poderá apresentar febre. Se a quantidade de plaquetas está abaixo do esperado, o paciente pode manifestar sangramentos e manchas arroxeadas pelo corpo.

A leucemia pode ser aguda (quando as células afetadas ainda não completaram seu amadurecimento) e pode ser crônica (quando os elementos que sofreram alteração na medula já são mais maduros). Também pode ser classificada em mieloide ou linfóide, de acordo com o tipo de célula que foi comprometida pela condição.

Existe alguma forma de prevenção contra a leucemia?

Alguns pacientes podem desenvolver formas de leucemia após exposição a radiações ou produtos químicos (como agrotóxicos ou derivados do petróleo), caso não utilizem os equipamentos de proteção adequados. Entretanto, para a maior parte dos casos, não existe um fator conhecido que possa ser evitado. Os hábitos de vida saudável, tais como a prática de atividade física ou alimentação balanceada, são recomendados para a fortalecimento da saúde de forma global, mas não tem implicação direta para a prevenção de leucemias.

Como posso obter diagnóstico da doença e iniciar o tratamento?

Nos casos suspeitos, o médico hematologista deverá ser procurado para a realização de exames específicos da medula óssea. Caso exista a confirmação de leucemia, outros exames complementares irão indicar o tipo de leucemia. Nas crianças, o principal tipo é a leucemia linfóide aguda. Todas as demais formas são mais comuns no adulto.

Após a definição do tipo de leucemia, o paciente será submetido a um protocolo de tratamento com quimioterapia. Os tipos de medicamentos e o tempo previsto para o tratamento dependem dessas informações adicionais.

O transplante de medula óssea não é recomendado para todos os casos e pode ser indicado para situações em que o paciente desenvolveu recaídas ou não obteve a resposta satisfatória ao tratamento com quimioterapia.

No Piauí, quais ações costumam ser realizadas contra a doença e quais os locais de apoio?

No Piauí, os interessados em se tornarem doadores voluntários de células da medula óssea podem procurar o Hemocentro (Hemopi) para realização do cadastro e coleta de sangue para análise genética. Se houver compatibilidade com algum paciente que aguarda transplante, o paciente será convocado por meio das informações fornecidas durante o cadastro.

Rede Feminina de Combate ao Câncer e a Associação Esperança e Vida fornecem apoio aos pacientes do interior do Estado que não dispõem de recursos financeiros para dar continuidade ao tratamento.