A primeira missão de supervisão do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), totalmente remota, realizada em parceria com o Governo do Piauí, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) e do Projeto Viva o Semiárido (PVSA), encerrou nesta sexta-feira (12). A atividade foi iniciada no dia 1º deste mês.

Nesta sexta-feira (12), será assinada, durante a última reunião remota, o memorando de conclusão da missão. A expectativa é de renovação da colaboração entre o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola e o Governo do Estado, com o anúncio de um projeto mais amplo, o Piauí Sustentável e Produtivo, que aguarda aprovação da Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), co-financiado pelo Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID). Além de dar continuidade ao PVSA, com ações na área da agricultura familiar, o projeto irá inserir eixos relacionados à infraestrutura hídrica e ações ambientais, com o investimento no valor de 125 milhões de dólares, aproximadamente 600 milhões de reais.

Durante a missão, foram realizadas 32 videoconferências com representantes de comunidades; das co-executoras, como a Seplan, Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar), Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) e Instituto Instituto de Assistência Técnica de Extensão Rural do Piauí (Emater); cooperativas, instituições bancárias e empresas de assistência técnica sistemática (ATS).

A missão também realizou videoconferências com empresas que prestam serviços de assistência técnica ao projeto, como o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Moralidade Pública (Avance), Cáritas Diocesana São Raimundo Nonato, Cooperativa de Produção e Serviços de Técnicos Agrícolas do Piauí (Cootapi), Empresa de Planejamento e Assistência Técnica Agropecuária (Emplanta), Empresa de Gerenciamento e Tecnologia Rural (Engeter), Centro de Estudos Ligados a Técnicas Alternativas (Celta), Serviço de Mobilização e Assessoria para o desenvolvimento Sustentável Regional(Semear) e o Centro de Educação Ambiental e Assessoria(CEEA).

Segundo o secretário de Estado da Agricultura Familiar, Hérbert Buenos Aires, esse foi um ponto de destaque que pode ter diferenciado ainda mais a missão e poderá resultar em um novo formato de avaliação. “Todos ficamos impressionados com a maioria dos depoimentos enviados por agricultores familiares, beneficiários do projeto, pois, por meio dos vídeos, os representantes dos diversos municípios que compõe o semiárido piauiense, puderam expressar as dificuldades e de que forma foram beneficiados ao longo dos últimos anos com os projetos de inclusão produtiva. As informações da base deram clareza para os consultores, gestores e instituições parceiras, de como o PVSA está sendo executado, não só no depoimento de cada um, mas pelas imagens que mostraram a realidade da comunidade, com as criações de pequenos animais, produção no campo, a evolução dos jovens e mulheres chefes de família e o respeito quanto aos cuidados exigidos neste momento de pandemia. Pela reação de todos, este é um formato que pode ter chegado realmente para ficar e ajudar na melhoria do projeto, que tem como principal objetivo a redução da pobreza no meio rural”, concluiu o gestor.

Um dos vídeos mostra a beneficiária Albertina Nogueira da Costa, do assentamento Vista Alegre, em Oeiras, contemplado pelo projeto com assistência técnica da Emplanta e diversas atividades como piscicultura, caprinocultura, fruticultura e cultura irrigada há 2 anos. “Tem sido interessante e proveitoso, melhorado significativamente a vida dos agricultores de 24 famílias do assentamento. Todas, sem exceção, tiveram melhoria de renda, mas temos pontos que precisamos melhorar com apoio da UGP e do Fida, pois temos dificuldades com a entrega da produção por causa desta pandemia, mas a gente está conseguindo atender algumas demandas. Esperamos que todos continuem buscando informação e planejamento para a produção agrícola familiar e orgânica, sem agrotóxico, protegendo a natureza”, concluiu a agricultora.

Segundo o oficial de Programas do Fida no Brasil, Hardi Vieira, a missão serviu para avaliar atividades realizadas até agora, sugerir e acordar rumos e elaborar um programa de trabalho para este último ano de implementação. Ele destaca que 90% das metas foi atingido, já que em termos de público beneficiário, alcançou mais de 23 mil famílias com 105% da meta, de 22 mil.

“Uma das principais maneiras do projeto trabalhar é por meio dos Projetos de Inclusão Produtiva, 211 PIP’s foram implantados no Piauí, beneficiando mais de 8 mil famílias no semiárido, em 89 municípios. Foram investidos 50 milhões de reais nas diversas cadeias produtivas, como cajucultura, piscicultura,hortas, quintais produtivos e atividades não agrícolas, como artesanato. Além disso, verificamos que dentro do público beneficiário do PVSA, que 90% das famílias aumentou a produção e outros 80% por cento incrementou a renda. Esperamos que, até o fim desta parceria com o Governo do Estado do Piauí, os indicadores aumentem ainda mais, já que os resultados, na maioria do cumprimento das metas, demonstram uma transformação na vida da maioria das pessoas no semiárido, prova de que o PVSA, executado pela SAF, é um dos instrumentos para reduzir a pobreza” concluiu Hardi Vieira.

Avaliação

O superintendente do Desenvolvimento Rural da SAF, Francisco das Chagas Ribeiro, avalia como positiva a realização da missão de forma remota, em face à pandemia. “Observamos o sucesso da missão pela forma com que os trabalhos, foram coordenados pelas duas equipes, do governo e do Fida. Mesmo com o ritmo acelerado na realização das videoconferências, a participação foi de 100% das equipes e dos envolvidos, o que reduziu a dificuldade de avaliação pelos consultores, que desta vez não tiveram condições de realizar as visitas técnicas no campo”, ressaltou Ribeiro.

O coordenador do projeto no Piauí frisou que o grande objetivo da missão foi alcançado, de verificar o andamento do projeto, o que propiciou uma extensão de prazo, julho de 2021, e checagem de outros aspectos, com a realização de reuniões com várias comunidades beneficiadas, como Umburana Brava, no município de Fartura; Vista Alegre, em Oeiras; Comapi, de Simplício Mendes; e Lagoa do Canto, em Paulistana.

“Todas apresentaram o resultado dos trabalhos após a doação de recursos do Viva o Semiárido, bem como todas as entidades que prestam assistência técnica rural (Ater) aos projetos e as co-executoras. Além disso, vamos concluir neste último dia de missão, uma pesquisa on-line de avaliação dos trabalhos obtidos no campo, onde já estamos ultrapassando a meta estipulada, que é de participação de mil pessoas respondendo às perguntas apresentadas. Até a conclusão, esperamos ter uma avaliação preliminar”, destacou Francisco das Chagas.

O gestor informa ainda que está sendo contratada uma empresa para fazer a sistematização e que a Universidade de Viçosa será a responsável pela avaliação do impacto do Projeto Viva o Semiarido. “Por enquanto, temos bons resultados e nós e o Fida estamos satisfeitos com o resultado alcançado até aqui”, concluiu o superintendente.

Formação

Por meio da parceria com a Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc), o Projeto Viva o Semiárido viabilizou a formação de mais de 80 cursos, beneficiando dois mil jovens, e a expectativa é de implantação de sistemas agroecológicos em 70 escolas, com aprimoramento de manuseio e método de trabalho voltado para o campo no semiárido e assistência técnica para preparar os produtores em métodos de gestão para gerenciamento de sustentabilidade. A Seduc capacitou 1.200 professores.