O Hospital Getúlio Vargas (HGV) está implantando o serviço de cirurgia cardíaca, um marco histórico para o Piauí, que até então só contava com esse serviço em hospitais da rede privada. A primeira cirurgia cardíaca do HGV foi realizada em maio deste ano e, depois, mais seis procedimentos foram realizados. A nova estrutura da UTI que está sendo construída permitirá atender com mais agilidade a demanda no Piauí.

O Hospital Getúlio Vargas já planeja implantar o serviço há alguns anos, uma luta do governador Wellington Dias e do Conselho Diretor do hospital. No entanto, para que este serviço seja oferecido, é necessária uma estrutura de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), laboratórios e salas de Hemodinâmica, que possibilitem a realização de exames diagnósticos e tratamentos da maioria das doenças cardiovasculares. Esta reforma já está em andamento no hospital, com a construção de 20 leitos de UTI individuais, no qual dez serão destinados aos pacientes das cirurgias cardíacas.

A obra inclui ainda uma rampa de acesso, necessária para o transporte de pacientes, laboratórios de análises clínicas e sete leitos da Unidade de Recuperação da Hemodinâmica, um investimento de R$ 5,3 milhões, oriundos de emenda parlamentar do senador Marcelo Castro.

De acordo com o diretor-geral do HGV, Osvaldo Mendes, a obra vai permitir não somente a ampliação do número de cirurgias de alta complexidade, que precisam de leitos de UTIs no pós-operatório, mas também, ampliar o atendimento a pacientes graves para todo o estado. “A cirurgia cardíaca é um sonho antigo, uma necessidade muito importante do estado e a demanda é grande, mas desde janeiro estamos fazendo todos os esforços junto com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) e a Fundação Estatal de Serviços Hospitalares (Fepiserh) para conseguir os insumos para aparelhar nossa nova UTI e, assim, viabilizar de forma contínua a cirurgia cardíaca no HGV. Por isso, essa é uma das obras mais importantes do estado, significa maior resolutividade para o paciente do SUS”, destacou o diretor.

Construção da nova ala para leitos de UTI no HGV. Foto: Regis Falcão

A obra está em fase de finalização, mas as cirurgias já começaram a ser realizadas no hospital, dando os primeiros passos. A primeira cirurgia foi realizada pelos médicos cirurgiões Raimundo Barros e Daniel Siqueira, coordenador do Serviço de Cirurgia Cardíaca do HGV. Desde então, já foram realizadas seis cirurgias no hospital, a oitava está marcada para o dia 31 de julho e mais três já estão com datas marcadas.

O gestor revelou que os equipamentos que serão utilizados na nova UTI já estão sendo adquiridos e a previsão é que ainda este ano comece a funcionar. “Queremos inaugurar o mais rápido possível pela necessidade do estado em habilitar o serviço. Estamos na fase adiantada da compra dos equipamentos e instrumentais, que está em processo de fabricação. Então, espero que em até 60 dias já possamos estar com as UTIs equipadas, assim poderemos habilitar o serviço. O plano é realizar duas cirurgias por semana, inicialmente, e logo depois fazer um concurso para contratar mais profissionais e assim, poder aumentar esse número”, disse Osvaldo.

Osvaldo Mendes, diretor-geral do HGV. Foto: Regis Falcão

Segundo Raimundo Barros, o próximo passo é credenciar esse serviço ao SUS para que reconheça o HGV como um hospital de cirurgia cardíaca. “As cirurgias começaram a ser realizadas aos poucos até que a reforma seja entregue e o mais importante de já termos iniciado é que vai ser muito mais fácil para que o hospital seja credenciado pelo SUS, pois a equipe já tem todo o domínio de funcionamento, bem como dos protocolos necessários, mas até então o serviço está sendo realizado pelo Estado, tanto o HGV quanto a Fepiserh estão possibilitando darmos esses primeiros passos, mas com o credenciamento poderemos atender um volume muito maior de pessoas”, ressaltou o médico.

O Governo do Estado, por meio da Sesapi, trabalha para que não haja uma fila de cirurgia cardíaca para cada hospital, mas uma fila única de todo o estado e que seja atendida pelos hospitais públicos que ofertam esse serviço, além da criação de um fluxograma do infarto, que é uma das maiores causas de morte no Brasil.

“A tendência é conseguir operar o paciente em um espaço de tempo menor e podermos realizar as cirurgias de urgência em tempo hábil. O fluxograma servirá para o caso de um paciente infartar no interior do estado, receber um primeiro atendimento lá e, se necessário, ser referendado para o HGV ou para o HU para fazer o tratamento e, se precisar, a cirurgia ou angioplastia programada”, detalhou o cirurgião.

O objetivo é que o Hospital Getúlio Vargas seja referência em cirurgia cardíaca no Piauí e no Nordeste. “O maior ganho será para a população, que terá acesso a esse serviço gratuitamente, pois temos uma demanda muito maior do que a capacidade de atendimento. Com a oferta desse serviço, o HGV passa a ser um hospital que atende toda a alta complexidade”, completa Raimundo.

Médico Raimundo Barros, um dos cirurgiões cardíacos do HGV. Foto: Regis Falcão

Fonte: Redação CCom