As famílias do grupo Dandara, formado por agricultoras do município de Piripiri, na comunidade quilombola Susuarana, relatam que houve um significativo aumento de renda, melhora na qualidade de vida e uma mudança de comportamento na comunidade desde que passaram a ser beneficiárias do Programa de Geração de Emprego e Renda, o Progere II. Elas vivem da agricultura familiar e comercializam produtos agroecológicos.
O grupo organizou-se em associação em 2014 com 30 mulheres e, após uma série de reuniões realizadas na comunidade e participação em oficinas em cidades vizinhas como Piracuruca, conheceram e se interessaram pelos benefícios do Progere II.
Após saber que tinham o perfil para participar do programa, executado pela Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), com apoio do Emater e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, há dois anos aderiu ao programa, por meio dos projetos de Quintais Produtivos. O valor total do investimento é de aproximadamente R$ 193 mil.
A agricultura Irismar Soares, que já foi presidente da Associação dos Trabalhadores Quilombolas da Comunidade Sussuarana, destaca que, mesmo nas horas em que o grupo estava desanimado diante das dificuldades, ela acreditou que poderia dar certo por causa da força e da união das mulheres.
A diretora do Programa de Geração de Emprego e Renda, Janaína Mendes, destaca que, além do Progere, a comunidade também é atendida pelo Governo do Estado, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e pela entrega de sementes e mudas. “As mulheres desta comunidade são muito unidas e atualmente 19 são beneficiadas diretamente com o Progere II, entre elas, sete jovens. O grupo que já produzia e comercializava vários produtos, pleiteou um projeto voltado para a criação de galinhas, que inclui a unidade de produção de ração alternativa. O programa na comunidade Sussuarana só veio incrementar a agricultura familiar sustentável no local e ajudar a melhorar a renda destas famílias”, concluiu a diretora.
Após as discussões com a SAF e famílias da comunidade quilombola, ficou decidido que o Centro de Educação Ambiental e Assessoria (CCEA) daria assistência técnica ao grupo, orientando e tirando dúvidas quanto ao manejo sustentável. Quando o programa foi implantado na comunidade, algumas mulheres só plantavam feijão e milho e criavam um número mínimo de cabeças de galinha, já que o índice de mortes por doenças era alto. Após a assistência técnica, o quadro mudou, pois as mulheres aprenderam a higienizar o galinheiro, proteger as aves da chuva e evitar as perdas das aves, que agora são mínimas ou nenhuma para quem faz parte do projeto.
As mulheres da comunidade também destacam que receberam apoio nos quintais produtivos, seja com as culturas perenes, como arroz e milho, a não utilização de queimadas, com pomar e canteiros produtivos, onde vendem feijão , melancia e tudo que cultivam. Também foi impulsionada a produção de ovos de galinha caipira e pintos e o melhor aproveitamento da lagoa como local de pesca.
Maria Hossana Pereira vive no assentamento com o marido e os três filhos e destacou que o projeto é importante porque incentiva cada mulher a trabalhar e ter o próprio dinheiro. “Por isso espero que outras mulheres da comunidade se interessem a entrar no grupo e a vender os produtos, para mim está sendo muito bom”, pontua a agricultora.
A beneficiária Irismar Soares ressalta que tudo ficou mais prático para as mulheres e que estão muito satisfeitas, pois sempre dependeram diretamente do marido, que trabalham nas pedreiras da região, e com o Programa de Geração de Emprego e Renda, adquiriram conhecimento e aprenderam a agregar valor e a escoar a produção.
“Por meio da criação de um grupo começamos as vendas pelo celular, que superaram muito as expectativas, pois mais que dobramos a comercialização dos nossos produtos, mesmo durante a pandemia. Nos fins de semana eu cheguei a vender um media de 20 a 30 galinhas e nós montávamos a cesta juntas, quando uma não tinha um produto completava a cesta da outra, e eu ia entregar na moto. As pessoas querem tudo feito de forma sustentável e buscam alimentação saudável. Esperamos que o Progere continue, traga mais recursos para a comunidade e principalmente visibilidade para as mulheres do campo, negras, para que possam ser vistas como mulheres que tem potencial e o mesmo direito da mulher branca”, concluiu a agricultura.
Progere II
O Progere II é fruto da parceria entre o Governo do Estado e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), por meio do Projeto Piauí Pilares do Crescimento e Inclusão Social, com ações de fortalecimento da agricultura familiar e geração de renda e desenvolvimento rural sustentável nos Territórios dos Cocais, Carnaubais e Entre Rios.