Técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) acompanharam, nesse fim de semana, a distribuição de alimentos a famílias em situação de vulnerabilidade ou com casos de Covid-19 nos municípios de Esperantina, Nossa Senhora dos Remédios, Madeiro, Joca Marques e Luzilândia. A distribuição de alimentos também já iniciou em outros territórios do Piauí.
Os alimentos, oriundos da agricultura familiar fazem parte do PAA-Covid. Uma medida emergencial apresentada pela SAF-Piauí ao Ministério da Cidadania e que resultou no investimento de R$ 4,7 milhões que beneficiarão 104 municípios piauienses.
Para evitar aglomeração, este ano as entregas foram feitas sob agendamento de horário ou ainda casa a casa pelas equipes municipais.
A expectativa é de que pelo menos 250 mil famílias, 109 entidades e 1345 produtores familiares sejam beneficiados em todo o estado por meio da aquisição da produção local ou do recebimento dos alimentos que vão desde macaxeira, feijão e fécula, até cheiro verde, azeite, galinha caipira e peixe. Esse último, resultado de uma demanda da Câmara Setorial de Piscicultura do Piauí que solicitou ajuda à SAF.
“A Câmara Setorial de Piscicultura apresentou à SAF a dificuldade dos produtores de peixe do Território dos Cocais. E como o produto é algo que está dentro da regulamentação do PAA, conseguimos incluir na proposta do PAA-Covid a aquisição de peixes em regiões onde havia produtores aptos. É claro que isso é bom para os produtores, pois gera renda para eles. Mas os maiores beneficiados são as famílias carentes e que ficaram ainda mais vulneráveis nesta pandemia”, diz a gerente do PAA, Jirles Machado.
Somente em Madeiro, 2.354 famílias do município foram cadastradas para receber os alimentos do PAA-Covid. “Nossas famílias estavam em situação muito difícil. Hoje, por meio do programa, estamos beneficiando mais de 2.300 famílias carentes da sede e em mais 27 localidades da zona rural. E isso é importante demais para essas famílias, ainda mais sendo alimentos com essa qualidade. Só temos a agradecer!”, destacou a secretária municipal de Assistência Social, Clenilsa Ferreira.
De acordo com o diretor de Fomento à Piscicultura da SAF, Luciano Brito, a articulação e organização dos produtores da Câmara Setorial de Piscicultura foi essencial para a inclusão do peixe dentro do PAA-Covid. “É na Câmara Setorial que os produtores conversam, levantam demandas e buscam soluções para dificuldades comuns. Foi a partir dessa organização que conseguimos atender uma demanda coletiva dos produtores de peixe aqui no Território dos Cocais. Estamos comprando e entregando quase 5 mil quilos de peixe que irão alimentar famílias de Madeiro, Joca Marques e Luzilândia. Acompanhamos o mesmo serviço em Nossa Senhora dos Remédios e isso também será possível em outros municípios e territórios de desenvolvimento”, afirma Luciano.
Em Esperantina, famílias assistidas pela rede municipal de assistência social e saúde também serão beneficiadas. Gestantes, crianças do Programa Criança Feliz, idosos e famílias em situação de vulnerabilidade são prioritárias. “Eu estou sem trabalhar e esses alimentos vêm em boa hora porque com a pandemia está tudo mais difícil e caro”, disse a jovem Marciana Oliveira, que está gestante e aguardava pelo recebimento de sua cesta no Cras.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Esperantina, Carminha Silva, acompanhou a entrega de alimentos ao Cras do município e destacou a situação dos agricultores familiares locais durante a pandemia. “Nós realizávamos um trabalho por meio das feiras que o sindicato organizava e que era uma forma desses produtores estarem vendendo seu produto. Com a pandemia, isso não foi mais possível e muitos ficaram sem ter como vender. Essa nova execução do PAA-Covid vem para diminuir esse prejuízo num período crítico. Mas vale lembrar que o PAA não está chegando agora. Ele já funciona no nosso município há alguns anos e tem sido uma grande força para os agricultores, gerando renda e injetando recurso na economia local”, disse a presidente.
Erivaldo Rodrigues, consultor do Programa de Geração de Emprego e Renda no Meio Rural (Progere II) no Território dos Cocais e que também acompanhou a distribuição dos alimentos, fala sobre o envolvimento de governo, produtores e parceiros na execução do PAA. “Esse trabalho não é uma simples entrega de alimentos. É um trabalho social coletivo que envolve o produtor, as famílias beneficiadas e instituições parceiras, visando à boa execução do programa, a minimização dos efeitos da pandemia e da situação de vulnerabilidade das pessoas”, diz o consultor.
Monitoramento
Desde o início da pandemia, a SAF-PI realizou diversas reuniões a fim de monitorar a situação dos produtores familiares cadastrados nos programas estaduais. Dessas reuniões, foram levantadas e apresentadas ao Governo do Estado e ao governo federal propostas emergenciais voltadas para esse público que acabou ficando sem comercializar a produção, sem fonte de renda e, em grande parte, excluídos do auxílio emergencial do governo federal.
Além da contrapartida estadual, o Governo do Estado também é responsável pela estrutura de mapeamento, monitoramento e execução do PAA e PAA-Covid.
“Apesar de todas as dificuldades nesse tempo de pandemia, o Governo do Estado vem fazendo intervenções na área da agricultura familiar com o objetivo principal de amenizar os efeitos da Covid-19, tanto para quem ficou sem ter como vender sua produção como para quem ficou sem condições financeiras de adquirir o seu alimento”, explica a superintendente de Agricultura Familiar do Piauí, Patrícia Vasconcelos.
Outra medida emergencial apresentada pela SAF-PI e já aprovada é o PAA-Leite, que possibilitará a compra de parte da produção de leite de produtores da agricultura familiar que também serão doados a famílias em vulnerabilidade, conforme o mapeamento das redes socioassistenciais dos municípios.