No mercado brasileiro, há diferentes exames para o diagnóstico da Covid-19 que identificam se o paciente foi exposto ao coronavírus. Atualmente, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) utiliza testes que passam por critérios de certificação e qualificação dos órgãos de controle sanitários do país. Eles são entregues aos pesquisadores que realizam o inquérito epidemiológico do Piauí e também aos hospitais da rede estadual.
De acordo com a doutora em Biotecnologia e pesquisadora responsável pelo inquérito epidemiológico do Piauí, Ester Miranda, o Estado sempre compra testes que são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porém existem diferentes marcas e os fornecedores também são diversos, devido à disponibilidade do mercado. “Como dependemos da disposição desses produtos no mercado, em algumas etapas da pesquisa, usamos uma marca de kit, depois de outra. Com isso, de acordo com marca utilizada, pode haver uma sensibilidade maior do teste e, às vezes, a pessoa dá positivo no teste rápido mas vir a negativar no swab”, afirma.
A não compatibilidade de um teste para o outro não desqualifica a qualidade dos mesmos, como explica a pesquisadora. “Essa diferença entre os resultados não quer dizer que esteja errado, apenas o teste pode ser mais sensível e detecta propriedades mínimas dessa proteína que outro. Nesse caso, considera-se o teste positivo e espera-se mais três ou quatro dias, para se realizar outro teste rápido a fim de detectar a presença daquele anticorpo pois, após cinco dias, a quantidade (de vírus) na corrente sanguínea vai estar mais alta”, lembra Ester Miranda.
Tipos de exames
Entre os exames utilizados pela rede de saúde do Piauí está o RT-PCR, que é considerado o padrão-ouro no diagnóstico da doença e cuja confirmação é obtida por meio da detecção do RNA (da molécula) do SARS-CoV-2 na amostra analisada, preferencialmente, obtida de raspado de nasofaringe. Este exame é colhido nas unidades de saúde e encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública do Piauí (Lacen-PI). Ele pode ser feito do terceiro dia de sintomas até o décimo.
“Dependendo do estágio que a pessoa esteja na infecção, ou seja, do primeiro ao sétimo dia e a partir do oitavo, podemos utilizar técnicas diferentes para detectar a presença do vírus. Quando se está no período inicial da doença, é recomendado a utilização dos testes moleculares, realizado através da coleta do swab, que é conhecido como RT-PCR”, pontua Ester Miranda.
A sorologia, conhecida também como testes rápidos, diferentemente da RT-PCR, verifica a resposta imunológica do corpo em relação ao vírus. Isso é feito a partir da detecção de anticorpos IgG e IgM em pessoas que foram expostas ao SARS-CoV-2. Estes testes são utilizados pelos pesquisadores que estão realizando o inquérito epidemiológico sobre o nível de contaminação por Covid-19 no Piauí.
Nesse caso, o exame é realizado a partir da amostra de sangue do paciente. Para que este teste tenha maior sensibilidade, é recomendado que seja realizado, pelo menos, oito dias após o início dos sintomas. Isso se deve ao fato de que produção de anticorpos no organismo só ocorre depois de um período mínimo após a exposição ao vírus, conforme explica Ester Miranda. “Estes testes utilizados no inquérito soro epidemiológico servem para identificar os anticorpos produzidos pelo organismo após a exposição ao vírus. Pesquisas já demonstram que, a partir do décimo dia ao décimo quarto dia, eles são os ideais, pois a presença de anticorpos na corrente sanguínea é maior e fica mais fácil dos testes identificarem. Em resumo, os anticorpos IgM reagente ou positivo detectam se o paciente está ou esteve infectado, contaminado recentemente e o corpo ainda pode estar lutando contra a infecção. Enquanto o IgG reagente ou positivo, o paciente teve infecção anterior, com pelo menos três semanas e está possivelmente imunizado”, explica.