Profissionais da Assistência Social e representantes de organizações da sociedade civil dos municípios de Itaueira e de Bom Jesus participaram, esta semana, do lançamento do Programa Trabalhador Resgatado ao Trabalho Digno. Na oportunidade, eles receberam formações de como proceder no fluxo de atendimento a vítimas do trabalho escravo contemporâneo.
Segundo a coordenadora de Apoio a Pessoas Resgatadas, da Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc), Ana Cristina Martins, o treinamento é o ponto inicial para que os trabalhadores migrantes ou mesmo aliciados nos municípios possam ter assistência e direcionamento das políticas públicas onde residem. “A maioria dos trabalhadores resgatados vem de uma situação de reincidência em condições análogas à escravidão. Muitos deles, descrentes de que possam encontrar trabalho decente onde vivem”, frisa a coordenadora.
No município de Itaueira, a 350 km de Teresina, foi identificada a prática por um empregador em fazenda de eucalipto. Na cidade, atualmente, a atividade que mais alicia trabalhadores é a de pedreiras.
Em Bom Jesus, o lançamento foi no Centro Administrativo Francisco e foram abordados temas sobre identificação e como a rede de apoio a trabalhadores resgatados pode funcionar no município, que está a 608 km da capital e se enquadra em índices de tráfico de pessoas para fins de mão de obra escrava em outros estados, bem como com práticas escravagistas locais.
“A importância de se trazer o debate para os municípios com foco nesta problemática é para que ocorra uma rede de atendimento que trabalhe na inserção de políticas sociais e públicas com entes municipais “, destacou o procurador-regional do Ministério Público do Trabalho (MPT-PI), Edno Moura.
A presidenta do Superintendência Regional do Trabalho (STR) de Bom Jesus, Maria Fátima (Maricô), esclarece que a procura de trabalhadores para estas alternativas criminosas é constante na região. “O sindicato recebe trabalhadores de toda região de Bom Jesus com esta situação desumana e estamos alerta para orientar os trabalhadores a não caírem em falsas promessas de trabalho”, ressalta Maria Fátima.
Segundo a gerente de Combate ao Trabalho Escravo da Sasc, Graça Ferreira, é importante a interlocução entre Procuradoria Regional do Trabalho e Assistência Social no atendimento às vítimas. “O programa é bastante favorável para fortalecer a rede e criar alternativas aos trabalhadores resgatados às políticas sociais e de qualificação profissional”, defende a gerente.
Um bom exemplo de interlocução foi o caso de um jovem de 18 anos que foi encaminhado para a rede, onde recebeu apoio psicossocial do Centro de Referência Especializada da Assistência Social – Creas, direcionando a programas sociais e trabalho.
Representantes dos Poderes Executivo e Legislativo, da Ordem dos Advogados do Brasil e do Sindicato de Trabalhadores Rurais participaram do lançamento do Programa Trabalhador Resgatado ao Trabalho Digno nos dois municípios.