Atividade bastante comum nas regiões de matas de cocais dos estados do norte do Brasil, incluindo o Maranhão e o Piauí, a atividade da quebra do coco babaçu há gerações tem garantido o sustendo de mulheres destas localidades, que dedicam suas vidas à coleta e quebra dos cocos e, com essa atividade, produzem, entre outros produtos, um óleo natural utilizado da culinária à indústria da beleza.
A partir de 1991, as mulheres quebradeiras de coco do Piauí, Maranhão, Pará e Tocantins uniram-se em torno de pautas comuns a todas, independente da localidade: proteção às florestas de babaçuais, qualidade de vida e melhores condições de trabalho e comercialização daquilo que produzem. Surgia assim, Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB).
A partir de uma proposição do deputado estadual Limma, o 24 de setembro marca o dia estadual das quebradeiras de coco e, nesta data especial, as quebradeiras de coco da comunidade Fortaleza III, em Esperantina, receberam do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), em parceria com o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Piauí (Emater-PI), uma unidade de beneficiamento do óleo de coco babaçu equipada de uma unidade de extração de óleo de coco babaçu. As mulheres também receberam capacitações voltadas para a melhoria dos processos produtivos, o aumento da produção e a qualidade do óleo do coco babaçu da comunidade, além de condições de acesso ao mercado.
A ação faz parte do Programa de Geração de Emprego e Renda no Meio Rural (PROGERE II), que visa apoiar, por meio de um acordo entre o Governo do Estado e o Banco Mundial (BIRD), atividades produtivas de organizações comunitárias através concessão de incentivos financeiros e de assistência técnica e extensão rural (ATER) para a implantação de práticas agrícolas ambiental, social e economicamente sustentáveis, e a inclusão desses produtores nos mercados dos arranjos produtivos relevantes.
Gestores ligados à agricultura familiar, dentre eles o diretor-geral do Emater-PI, Francisco Guedes, acompanhados da vice-governadora, Regina Sousa, participaram da inauguração da unidade de beneficiamento, que representa um investimento total de R$ 253.500,00 e irá atender a 26 famílias.
“Isso aqui fez parte da minha vida. Mesmo indo estudar fora, quando voltava de férias, tinha que quebrar coco porque queria comprar roupas novas, livros novos e, então, eu tenho toda uma história e identidade com essas mulheres”, relatou a vice-governadora.
O diretor-geral do Emater-PI ressaltou a importância das parcerias para a concretização de iniciativas como a inaugurada hoje.
“Esta unidade vai beneficiar o coco babaçu a frio para extrair um óleo extravirgem, que é mais valorizado pelo mercado. Então, é uma satisfação essa parceria do Emater com a Secretaria de Agricultura Familiar, com o MIQCB e com essas mulheres valorosas beneficiando, assim, mais pessoas gerando emprego e renda para as famílias agricultoras”, destacou Francisco Guedes.
Dona Chica Lera, uma das mais antigas quebradeiras de coco do Piauí, lembrou dos esforços das mulheres e destacou a importância da manutenção da tradição.
“Eu só tenho a agradecer, porque a gente sozinho não constrói nada. Eu só peço que nossas companheiras zelem, não deixem acabar, porque isso a gente conquistou com muito suor, com muitas lagrimas”, afirmou.
As quebradeiras de coco são acompanhadas pelos técnicos do Emater-PI da regional de Esperantina, que elaboraram o Plano de Investimento Produtivo do Programa de Geração de Emprego e Renda do grupo.
A vice-governadora destacou a importância das ações do Governo voltadas especialmente às populações mais carentes do Piauí e citou o exemplo da atuação do Emater no interior do estado.
“A gente está andando e estamos vendo a melhoria da autoestima das comunidades. A gente vê as pessoas com autoestima melhor porque chegou para elas alguma coisa, porque ninguém ia lá. Em Paulistana, você anda 30 quilômetros na caatinga e pensa que não ali não mora ninguém e se depara com uma comunidade com 104 famílias quilombolas executando um projeto que o Emater desenvolveu, ganhando seu dinheiro, criando galinha, peixe, ovos”, finaliza.