“Eu entrei na vida da Assistência Farmacêutica há cinco anos”. É assim que Janderson José da Costa, 27 anos, refere-se ao acompanhamento terapêutica que faz na Diretoria da Assistência Farmacêutica. Diagnosticado com esclerose múltipla, o engenheiro de Produção, que trabalha na empresa da família, em Paulistana, distante a 470km ao centro-sul de Teresina, afirma que “se não fosse a Farmácia, não teria condições de comprar as medicações por conta do valor muito alto. Eu nem me imagino sem o SUS”.
Tudo começou com uma dormência no braço direito. Constante e de longa duração, aquele formigamento, muitas vezes, impedia-o de fazer atividades simples. Com a frequência em que aparecia, foi encaminhado a um neurologista. Após uma ressonância magnética, a confirmação: esclerose múltipla.
“Tive sorte de ter dito o diagnóstico cedo e rápido, porque tem gente que leva dois, três anos. Fiz outros exames para confirmar e em seguida iniciei logo o tratamento”, explicou. A Assistência Farmacêutica, atualmente, atende 129 pacientes com esclerose múltipla. A dispensação das 11 apresentações terapêuticas, de sete tipos de medicamentos, é feita no que se chama quatro linhas de tratamento.
“O paciente começa com a primeira linha de tratamento. Se houver falha terapêutica, ele passa para a segunda e assim sucessivamente”, explica a farmacêutica Fátima Campelo. Ela chama a atenção que quanto mais cedo o diagnóstico, o paciente vai ter um tratamento melhor e melhores respostas.
Pouco conhecida e cheia de estigmas, a esclerose múltipla é uma doença autoimune e crônica, que acomete o sistema nervoso central, comprometendo os membros, a visão, fala, além da cognição. “Começa com fadiga, dormência, voz vai ficando arrastada. Ao longo do tempo, o paciente vai perdendo a capacidade de se movimentar, de manter o equilíbrio e a coordenação motora. Na fala, a voz fica trêmula”, relata a farmacêutica.
Janderson relata esses comprometimentos, que ele chama de surtos. Um deles foi quando perdeu o movimento de toda parte esquerda do corpo e também perdeu temporariamente a visão do olho. Ele recuperou os movimentos, mas sente as sequelas na sua vida cotidiana. Os desafios que a doença impõe são muitos.
“Minha vida mudou bastante. Em relação à parte física, a pior é a fadiga crônica que sinto, que mesmo descansando, me sinto cansado, o que me impossibilita de fazer algumas coisas, como jogar bola, ficar no calor. Antes, eu saía com os amigos, jogava bola, ia para piscina, praia. Hoje me limita bastante, mas nunca perdi vontade de viver”, afirma Janderson.
Esclerose Múltipla
O dia 30 de agosto comemora-se o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla, movimento que se iniciou em 2016.
A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune, do sistema nervoso central, que mais acomete jovens adultos no mundo inteiro. Não se sabe as suas causas, mas seus principais sintomas são: fadiga, problemas de visão (diplopia, neurite óptica, embaçamento), problemas motores (perda de força ou função; perda de equilíbrio), alterações sensoriais (formigamentos, sensação de queimação). A especialidade médica que diagnostica é a neurologia.
Ainda não há cura para esclerose múltipla, mas existe tratamento, que é feito gratuitamente pela Diretoria da Assistência Farmacêutica, da Secretaria de Estado da Saúde. Os medicamentos são fornecidos pelo Ministério da Saúde, sendo que a maior parte deles não é disponibilizado em farmácias comerciais e são considerados de alto custo.
São eles: Azatioprina, Betainteferona(quatro apresentações), Fingolimode, Fumarato(duas apresentações), Glatiramer, Natalizumabe e Tereflunomida.
Após o diagnóstico, para ter acesso ao tratamento, o paciente deve apresentar a documentação pessoal, Laudo Médico, além de exames laboratoriais ou de imagem. Todas as informações são disponibilizadas no site www.saude.pi.gov.br no Guia de Atendimento – Farmácia de Medicamentos Especializados do Piauí.