O mês de setembro é dedicado à prevenção e conscientização contra o suicídio. A Campanha Setembro Amarelo reforça a importância do diálogo, quebrando tabus sobre o assunto e mobilizando a sociedade em prol da valorização da vida. O dia 10 deste mês é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.
A origem do Setembro Amarelo e do movimento de conscientização contra suicídio, começou com a história de Mike Emme, nos Estados Unidos. O jovem era conhecido por sua personalidade carinhosa e também se destacava pela sua habilidade mecânica. Sozinho, ele conseguiu restaurar um carro modelo Mustang 68 e pintou todo de amarelo.
Contudo, em 1994, Mike cometeu suicídio, com apenas 17 anos. Infelizmente nem os familiares e amigos perceberam os sinais de que ele pretendia tirar sua própria vida. No funeral, os amigos montaram uma cesta de cartões e fitas amarelas com a mensagem: “Se precisar, peça ajuda”. Essa ação ganhou grandes proporções e expandiu-se pelo país.
Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. O amarelo do Mustang de Mike foi a cor escolhida para representar essa campanha.
A campanha Setembro Amarelo teve início no Brasil em 2014, através do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). As primeiras ações do movimento aconteceram em Brasília e no ano seguinte outras regiões também aderiram a iniciativa.
Impactos da campanha
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), destaca que são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Para isso, campanhas são organizadas todos os anos, por eles e órgão como o Centro de Valorização a Vida (CVV), para prevenção e combate ao suicídio.
No Piauí, dados da Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (Sesapi), apontam que o número de óbitos por suicídio no Estado reduziu 14,85% em 2019, se comparado ao ano de 2018. O mesmo órgão também informa que em 2020 mais de 400 profissionais de diversas instituições já foram capacitados para atuarem nas campanhas de prevenção.
Como funciona a prevenção
Diante desse cenário, a campanha Setembro Amarelo ganha cada vez mais força. De acordo com a professora de Psicologia da Uespi, Nadja Pinheiro, a campanha auxilia na identificação prévia dos sinais de ideação suicida e mobiliza a população para ajudar ou buscar ajuda.
A docente explica que os profissionais da saúde mental atuam de acordo com cada situação. “Na prevenção, trabalhamos com as campanhas de valorização da vida, fortalecimento de vínculos e laços afetivos, identificação precoce de problemas psicológicos, programas de redes de apoio e alternativas estratégicas de suporte. Já na Intervenção, atuamos com indivíduos em situações de crise. Na posvenção, trabalhamos na recuperação da saúde mental do indivíduo, dos seus familiares e amigos também”, esclareceu a psicóloga, que também é membro do Grupo de Trabalho Interinstitucional de Prevenção ao Suicídio no estado.
A professora também desenvolve pesquisas sobre ações de prevenção aos grupos mais vulneráveis, especialmente crianças e adolescentes. No seu estudo, ela trabalha com a questão da violência física, psicológica e sexual, além da baixa autoestima provocada por um contexto opressor. Segundo a docente, todas essas questões vulnerabilizam bastante as crianças e adolescentes, comprometendo a qualidade vida e a saúde mental deles, resultando em comportamentos ou pensamentos suicidas.
Importância de ações preventivas
A Uespi desenvolve ações relacionadas a saúde mental, disponibilizando, nesta pandemia, recursos on-line para a execução dessas atividades. Iniciativas como o Serviço de psicologia da Uespi, Residência Multiprofissional, ações realizadas com os alunos da Universidade Aberta à Terceira Idade, e a Parceria da Uespi com a Secretaria de Saúde do Piauí, tem como intuito levar o bem estar emocional a todos.
A professora do curso de Psicologia, Ana Rosa Carvalho, enfatiza que as ações de ensino, pesquisa e extensão tem contribuído muito para análise, avaliação e disseminação de ações voltadas para trabalhar esse problema de saúde pública. De acordo com ela, a graduação tem exercido grande influência sobre as formas de perceber o suicídio, visto que a mesma oportuniza informações, que fazem refletir sobre as práticas de saúde frente à essas demandas.
“Percebemos que os alunos compreendem a necessidade de estar capacitado para prestar assistência primária a pessoas com comportamento suicida. Por ser hoje um problema de saúde pública, é mister capacitar nossos alunos para acolher pessoas em sofrimento, bem como prevenir e cuidar do sobrevivente, seja o familiar ou a própria pessoa que tentou. E isso implica também na necessidade de informar a população sobre como acolher a pessoa em sofrimento, orientando-a e facilitando-lhe a busca por suporte profissional”, contou a profissional.
Atuação dos psicólogos
Cláudia Aline de Brito, egressa do curso de pós-graduação da Uespi, utilizou o conhecimento adquirido e desenvolveu um projeto com psicólogos piauienses. O trabalho foi resultado de uma pesquisa que executou enquanto cursava seu mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Fiz uma pesquisa qualitativa na qual avaliei o que os psicólogos piauienses sentem quando atendem uma pessoa que está em crise suicida. E constatamos que esse tipo de atendimento influencia a vida do profissional envolvido e pode gerar demandas emocionais negativas, como a ansiedade, e demandas não emocionais relevantes, como tensão, estresse e preocupação”, finalizou.
Onde procurar ajuda?
A Psicóloga Mariane Siqueira, do Serviço de Psicologia da Uespi; e o Residente Maycon Guimarães, do Programa de Residência Multiprofissional, trazem canais de atendimentos disponíveis para a população nos vídeos a seguir: