Uma reivindicação antiga da população LGBT foi atendida pelo governo do Estado. Foi inaugurado, nesta quarta-feira (29), um ambulatório de saúde integral da população trans que funciona no Ambulatório Azul do Hospital Getúlio Vargas, em Teresina. A vice-governadora Regina Sousa esteve presente no evento e chamou a atenção para que as pessoas trans lutem por seus direitos ao mudarem de identidade. O ambulatório recebeu o nome de Makelly Castro, travesti assassinada em Teresina, em julho de 2014, e terá uma equipe multidisciplinar com capacidade para realizar entre 100 e 200 atendimentos por mês.
A vice-governadora Regina Sousa disse que o Piauí se destaca em oferecer este tipo de serviço específico às pessoas trans, uma reivindicação antiga e que foi realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) e a Fundação Piauiense de Serviços Hospitalares (Fepiserh). Na solenidade, Regina Sousa citou o caso do escritor João Nery, o primeiro homem trans do Brasil que após a mudança de sexo, perdeu a identidade. “João era Joana, professora, e quando mudou de sexo, se tornou analfabeto, e para sobreviver foi ser pedreiro, taxista até se tornar escritor. Morreu em 2018, aos 70 anos e nunca conseguiu a aposentadoria”, lembrou. A vice-governadora chamou a atenção das pessoas trans sobre esse problema e pediu que elas lutem por seus direitos. Um dos livros mais conhecidos de João Nery é Viagem Solitária que inspirou a personagem Ivan, da novela A Força do Querer, escrita por Glória Perez.
Participaram da solenidade o secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto, o presidente da Fundação Hospitalar, Welton Bandeira, e o diretor do Hospital Getúlio Vargas, Gilberto Albuquerque que destacaram a importância do serviço para a população trans. O diretor explicou que as pessoas devem procurar um posto de saúde e solicitar atendimento para o ambulatório e as consultas serão marcadas pela Central do Sistema Único de Saúde e vai garantir o acesso da população trans aos serviços oferecidos por uma equipe qualificada e capacitada para o atendimento a esse público.
Joseane Borges, gerente de Enfrentamento à Homofobia da Secretaria de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc), disse que as pessoas trans são constrangidas ao procurarem atendimento médico por não terem a identidade respeitada e por isso muitas evitam e até fazem automedicação. Ela elogiou a iniciativa do governo do Estado em oferecer esse serviço. “Hoje, o Piauí está ganhando com essa iniciativa”, destaca a gerente.